Uma missão de rotina, nada que poderia dar errado. Levar um príncipe bastardo de volta ao seu reino corrupto.
A importância dada a esse delinquente me surpreende. Príncipe de um reino gigantesco no qual exploram alem de seus súditos, todos os reinos ao seu redor, é filho bastardo do Rei Eridian, que por pena, acolheu seu bastardo. Ao invés de mostrar gratidão, o príncipe tomou conta do reino pois seu pai não tem mais condições de governa lo por causa da idade.
Arrogante e prepotente, acredita que pode tudo, inclusive dominar o reino de Asteria. É claro que ele não deixa isso claro, mas suas idéias e recomendações feitas ao nosso Rei são os primeiros passos do golpe. Chegar ao nosso reino informando que precisa de livre acesso aos palácios de Asteria, aos centros comerciais e reinos agregados, é de matar.
Minha vontade seria enfiar minha espada pela garganta desse príncipe e beber uma boa cerveja dos Alpes de Green Moon olhando para o seu cadáver. Ao invés disso estou aqui atravessando a Floresta Perdida ainda por cima com a missão de escolta-lo.
Não é a toa que nosso Rei coloca meu irmão para realizar as negociações do Reino.
Enquanto isso, tento manter o controle e não pensar na alegria que seria esquarteja lo. Porem, o príncipe insiste em me acompanhar. Não sei se é pelo fato de ter igual hierarquia que ele, ou se ele acha que pode me comprar ou pegar informações de Astéria. Só sei que o príncipe fala sem parar e irrita qualquer ser vivo que fique pelo menos dez minutos perto dele.
Nossa caravana saiu de Grimmfall pela manha, somente com três cavaleiros da Elite Real e cinco cavaleiros de Astéria. Pra mim, já era mais que o necessário. Porem o bastardo exigiu quase uma tropa para proteger a volta ate seu reino. Felizmente meu pai não aceitou mas me deu a missão de acompanho-lo. Sinceramente, três Cavaleiros da Elite Real valem cada um por dez soldados. São altamente treinados para o combate em qualquer situação. Usa los para escoltar o maldito para mim era um desperdício de exercito.
Enfim, não satisfeito, pelo fato da caravana estar dois príncipes, ainda fui obrigado a convocar pelo menos dois Generais das tropas de Asterion. E assim começamos a jornada de volta ao reino
Cabe aqui mencionar que os dois generais que encontramos perto da cidade de Leviathan (maior porto comercial dos reinos de Asterion) são campeões dessas terras: Matheryan, the Great, Paladino Tauren dos picos gélidos de Igros; e o elfo guerreiro Ganfrindel, da Floresta Negra de Asteria. Se um Cavaleiro Real vale por dez soldados do reino, com um general de Asterion não ha como mensurar o que eles são capazes de fazer.
E assim finalmente começou a jornada.
Ate o final dos reinos de Asterion, a viagem foi tranquila, pois praticamente todos os caminhos são bem movimentados e soldados dos vários reinos aliados estavam na estrada.
Ao adentrar no Vale das Almas e no Deserto de Rohr, a situação começa a ficar perigosa. São vários forasteiros passando por ali e pessoas com caráter duvidoso como piratas e mercenários.

Ainda avido por uma boa briga, ficava pensando quanto custaria sequestrar o príncipe de Asteria. Apesar na minha reputação não ser das melhores, fiquei boa parte do tempo pensando quanto poderia valer o meu sequestro. Logo depois me peguei rindo pois com a moral que tenho com meu pai, era mais fácil pagar para não me trazerem de volta.
Tudo isso só por causa da princesa Valkyria de Avaloth. Gracas ao meu caso com ela (e suas sacerdotisas), o Rei de Avaloth quase entrou em guerra com Asteria apos cortar todas relações comerciais. E sim, me aproveitei da situação de príncipe de Asteria e fiz um limpa nos palácios. Não podia perder a oportunidade pois elas eram lindas. Todas as três.
E subitamente meu pensamento é interrompido pela presença de um grupo de supostos ladrões. Ao cercar nossa caravana, aparentemente não sabiam que eramos dos reinos de Asterion, apesar dos uniformes de todos Cavaleiros trazerem o brasão. Eram ladrões sem conhecimento algum do local onde estavam, provavelmente perdidos ou expulsos das terras do Leste.
Eram cerca de sete. Numero pequeno ate pra mim, imagina para os nossos generais. Para minha alegria, Mathy e Ganfrindell estavam logo atrás e não perceberam a presença dos ladrões. Ate a chegada deles no nosso grupo demorariam alguns segundos. Sendo assim eu poderia me divertir um pouco e usar minha espada, sedenta por uma boa briga.
O que me chamou atenção nos sete ladrões são que mesmo vendo dez pessoas a cavalo, sendo oito Cavaleiros armados, eles nos enfrentaram sem o minimo de medo ou precaução.
A empolgação deu lugar a um calafrio que por muito tempo não sentia. Uma sensação de desespero, um terror que apareceu sem motivo. Um medo que só senti na Guerra contra a Legião. Apesar de não ter os mesmos dons que os paladinos tem, senti a presença de um ser não muito distante dali.
Uma nota importante deve ser ressaltada. Os paladinos possuem uma áurea própria. Uma áurea divina que incentiva todos ao seu redor, capaz de curar e dar forcas para tropas que os acompanham. São enviados divinos, escolhidos para proteger e fazer o bem.
Você não escolhe ser Paladino. Você nasce com o dom.
É possível sentir a presença deles bem antes de estarem no local. Em contrapartida, existem os chamados emissários da morte: Os Cavaleiros Negros, com poder semelhante aos Paladinos porem com alinhamento neutro ou para o mal.

A presença que sentimos e os efeitos que nos afetaram estavam vinculados a algum Cavaleiro da Morte mas não conseguimos localiza lo.
O príncipe bastardo foi o primeiro a sentir os efeitos e começou a gritar e vomitar sem parar. Ao peitar o suporto líder dos ladrões com minha espada e o desafiei, impondo minha posição frente ao restante dos Cavaleiros. (Sempre fui a favor dos reis estarem a frente das batalhas e não escondidos em seus castelos).
O líder dos ladrões (lembrava muito um pirata apesar de não ter mar por perto) me ameaçou com sua espada colocando -a sobre a minha. Com o movimento rápido de espadas, logo o atingi no braço e depois decepei um de seus dedos. Os outros dois ao lado sacaram as espadas mas ainda consegui acerta los na garganta de um e peitoral do outro.
O líder ainda tentou atacar o bastardo que estava caído mas estávamos muito bem assessorados com os Cavaleiros do reino e não bastou dois segundos para todos os ladrões estarem no chão com pelo menos um membro a menos.
Poucos segundos depois nossos generais já estavam com a caravana, não sendo necessário nenhuma intervenção por parte deles.
Aquela sensação que outrora havíamos sentido desapareceu. Talvez pela presença de Matheryan entre o grupo tenha sobreposto qualquer áurea "evil" que por ventura estivesse no local. Mas nada me tira da cabeça que ainda estávamos sendo observados.
Seguimos rio acima, pegamos o caminho dos andarilhos e atravessamos as montanhas rumo as cavernas ígneas próximas a Lahendor.
E no meio de um inicio de uma chuva que nos acompanharia por varias horas, as gotas caindo levemente sobre as armaduras e lavando nossas laminas um tanto quanto sujas de sangue, torço para que elas lavem também nossas almas.
Acabei de mudar minha opinião sobre essa missão...
Trechos do conto: A dinastia dos Reis, Cap: A juventude de Iker.