Esse filme tenta vender a ideia de que é profundo, artístico e cheio de símbolos sobre ego, fama, moda e a obsessão eterna por permanecer jovem. Até funciona no começo. A tal substância que duplica a pessoa e cria uma versão mais nova é um conceito interessante, quase sci-fi, quase crítica social. O problema é que, quanto mais o filme avança, mais ele vai escorregando para um caminho esquisito, até virar aquele tipo de trash que passava de madrugada na Band, estilo Zé do Caixão com glamour decadente.
A história até tenta manter uma discussão séria sobre aparência e relevância, mas quando chega no final parece que alguém desligou o roteiro e deixou só o exagero tomando conta. E aí vem sempre o discurso: “Ah, mas é simbólico, é cult, é visão distorcida…”. Balela. Se a execução não sustenta a própria proposta, vira só barulho. E foi o que aconteceu. O final é ruim mesmo. Não estranho no sentido artístico, mas ruim no sentido de "que diabos eu acabei de assistir?".
A clone é lindíssima, claro, mas tem uma cara de psicopata desde o primeiro minuto. E isso funciona porque ela é literalmente a extensão corrompida da personagem da Demi Moore. A fome por fama, poder e validação comprimida em uma versão mais jovem e mais doida, não tem como dar certo.
Demi Moore entrega uma atuação competente. Tem presença, segura a personagem, passa vulnerabilidade e arrogância na medida. Mas indicação ao Oscar? Difícil engolir. A sensação é que a indicação veio mais pelo impacto do filme como “obra” e menos pelo que ela realmente entrega em cena.
No fim das contas, A Substância é um filme com boas ideias, visual forte e muita pretensão. Começa prometendo um debate interessante e termina como um show de exageros. Vale pela curiosidade. Mas, se você foi esperando uma obra-prima profunda e transformadora, vai se decepcionar.

Nenhum comentário:
Postar um comentário