Minha vida tem sido uma rotina nesses ultimos dias. Acordar cedo, enfrentar o trânsito, curso de manhã, estudos a tarde e wow a noite. Simples assim. No decorrer do dia, e tem sido constante, algumas coisas estão acontecendo e que preciso desabafar com as pessoas.
De manhã, o fluxo de motoqueiros e bicicletas onde moro é crítico. Não sei de onde sai tanta moto. São cerca de 10 motos para cada carro. Sério. E o que tenho para falar não é somente pelo fato de ter excesso de motos e atrapalhar o trânsito não, é a questão mesmo da irresponsabilidade de todos eles.
SIM, DE TODOS, não existem inocentes nessa guerra.
É um caos o meu caminho até o curso. Me sinto em um dos filmes Mad Max, desviando de todas as motos e bicicletas que insistem em tentar entrar debaixo do meu veículo. Me sinto o próprio Mel Gibson indo de um lado para o outro na avenida tentando não matar os malditos motoqueiros que se degladiam com botas e correntes por mínimos espaços entre os carros e outros motociclistas. Estou sendo um verdadeiro "The Road Warrior" todas manhãs enfrentando selvagens em suas armas de duas rodas com meu possante Ford Falcon V8 preto. (Ta bom, ta bom, a parte do carro era mentira. Mas é preto pelo menos.)
Meu terror com esses veículos assassinos de duas rodas não é de hoje. Venho tendo problemas com eles praticamente minha vida toda. Me lembro bem quando ganhei minha primeira bicicleta. Era uma caloi com estrelas brancas combinando perfeitamente com o azul e vermelho. Era uma bandeira americana de duas rodas (4 pois tinha rodinhas né). Lembro-me que andava pela praça na minha cidade natal a todo vapor, correndo em alta velocidade como se algo tivesse me possuido. Acredito que seja exatamente isso que acontece quando um cidadão aparentemente normal sobe em cima desse demônio de duas rodas, motorizado ou não. Provavelmente a culpa nem é dos motoristas e sim da origem demoniaca desses instrumentos de mortes chamadas motos. Volto a falar disso depois.
Continuando, estava lá uma criança prodígio, no meio da praça, em plenos 5, 6 anos, nesse momento sentindo-me o "Evil Knievel" * da bicicleta (trocadilho serviu bem na citação), com o vento no rosto, totalmente invencível, até que... havia uma pedra no meio do caminho...
Lembro que aquela pedra enorme era um grande obstáculo pronto a ser superado mas infelizmente a pedra levou a melhor. Não esqueço da cena no qual a roda da frente passou pela pedra me jogando a uma altura inacreditável de 8 centimentros do chão ( poxa! era uma criança que não sabia andar de bicicleta, qualquer altura era inacreditável) entretanto a roda de trás não passou e o destemível Knievel Junior vai ao solo, sobrevoando a super bicicleta patriótica**, caindo bem depois da pedra. O ódio começou aí.
Depois de muitos anos, voltei a ter outras experiências com bicicleta e acabei aprendendo a andar (bem meia boca). Um dia andando com minha prima, pedalando a bicicleta "cor de rosa preta" que ela tinha acabado de ganhar, o "Evil Knievel" *, agora profissional e já tinha uns 12 anos, inventou de correr a altas velocidades novamente e fazer alguma acrobacia destemível e mais uma vez, no chão molhado, a queda ao solo foi inevitável. Resumindo: bicicleta da prima estragada, hematomas enormes e um belo de um esporro da tia. O ódio só aumentava.
Até que um belo dia, novamente em uma das minhas aventuras de alta velocidade em cima de uma Bike, agora de um primo, em uma incrível disputa de corrida entre os familiares, o então "Evil Knievel" *, agora Senior, novamente encontrou outro desfecho trágico, desta vez bem mais sério pois na queda quase tive uma fratura. Ali se encerrava as aventuras sobre esse veículo maldito de duas rodas. Depois desse dia, nunca mais subi em uma bicicleta. E sinceramente acredito que fiz a escolha certa porque provavelmente depois da bicicleta arrumaria uma moto, aí a queda e as consequências seriam feias de verdade.
Para complementar o ódio que tenho de duas rodas, se tudo que já descrevi não foi o bastante, quando era criança, na época da primeira aventura que citei, vi uma moça ser atropelada por uma moto na calçada, bem na minha frente. Lembro que a moça era linda, loira dos cabelos longos, ela estava passeando na praça e o infeliz subiu em cima da calçada e a acertou. Esse fato me marcou muito pois foi a primeira vez que vi algo parecido e a moça jorrava sangue para todo lado. Não foi algo bonito para uma criança de 5 anos ver.
Nunca mais esqueci da cena de um homem que estava perto, pegou-a nos braços e saiu correndo para o hospital que ficava a uma quadra dali. Lembro como se fosse hoje, do sangue pingando pelos braços da moça desacordada. Uma cena que acho que nunca mais vou esquecer. Não sei o que aconteceu com ela, muito menos o motorista da moto.
Acho que agora está explicado o terror que tenho com motos e a raiva que sinto quando vejo um motoqueiro fazendo "arte" no trânsito. Me sinto na obrigação de xingá-los para que esses malditos não matem mais ninguém. E o pior de tudo, tenho visto recentemente que alguns tem poderes especiais. O nível de possessão em alguns é tão alto que quando passam sinto o cheiro de enxofre no ar. É sério.
Antes eu tinha dúvidas agora não tenho mais. Quando qualquer cidadão sobe em cima da moto, o demônio das motos malditas se apodera do corpo dos motoristas e os transformam em algo aterrorizante e sem respeito às outras pessoas. Um de seus poderes é justamente aparecer do nada. Eles saem de trás dos carros cortando-os de todos os lados tentando entrar debaixo dos veículos a todo custo. Já estão no nível de Motoqueiros Fantasmas exalando todo terror, cheiro de morte e enxofre por onde passam.
E se engana quem acredita que quem anda de bicicleta está livre dessa possessão. Não está não. Alguns são possuídos sim por essas entidades. Hoje mesmo um fez de tudo para entrar debaixo do meu carro. Juro, vi até os olhos vermelhos flamejantes do cidadão e o rastro de fogo por onde ele passava. O enxofre nem se fala.
Tenho quase certeza mas acho que eles se juntam de manhã e saem todos do cemitério, que fica algumas quadras aqui de casa para encontrar comigo na avenida. Todos os dias é a mesma coisa, é só parar no sinal que junta 50 motoqueiros fantasmas, se empurrando, trombando, subindo nas calçadas, rancando retrovisores, com suas motos flamejantes, assassinas e com ar de superioridade.
Se cuidem crianças, eles estão pela cidade inteira principalmente em horários de pico.
E quando eu falei que era uma guerra, sim é uma guerra.
Obs:
* O nome Evil Knievel foi um trocadilho com o nome do dublê norte americano Evel Knievel que era famoso por seus truques automobilisticos entre os anos 60 e 80 e na citação foi escrito como Evil aplicando a ideia do adjetivo Evil (mal, demoníaco).
** O adjetivo patriotica foi uma pequena homenagem ao New England Patriots por causa da cor da bicicleta, mas na verdade não tinha nenhuma ligação ao time da NFL.
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