Rafael Vitti vive Pedro, um chef de cozinha cheio de sonhos que vê sua vida virar de cabeça pra baixo depois de um diagnóstico de câncer. É nesse ponto que ele cruza o caminho do cachorro caramelo, o vira-lata que se torna seu companheiro inseparável. O filme emociona porque trata de temas que todo mundo teme encarar que é a doença, a finitude, o luto. E o faz com delicadeza, sem melodrama barato. A relação entre Pedro e o cachorro não é sobre salvar o humano, mas sobre dar sentido aos dias, encontrar um motivo pra continuar mesmo quando tudo parece ruir.
O que pega de verdade é que o roteiro toca fundo nas feridas que muita gente carrega. Eu, por exemplo, já perdi parentes para o câncer, e ver aquilo na tela foi como reviver uma dor que nunca some de vez. Não é o cachorro que faz a gente chorar é a lembrança das pessoas que se foram, dos abraços que a gente não deu, das conversas que ficaram pela metade. O filme entende isso, e por isso é tão humano.
Diego Freitas dirige com sensibilidade e evita transformar o drama em algo pesado demais. A trilha sonora acerta em cheio, os silêncios dizem tanto quanto as falas, e o olhar do Caramelo parece carregar uma sabedoria antiga, como se dissesse que o amor, mesmo nas perdas, continua sendo o que realmente importa. Caramelo não é sobre um cachorro. É sobre a vida e sobre a coragem de seguir em frente quando ela mostra seu lado mais cruel.

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