terça-feira, junho 10, 2025

Mickey 17

Sou fã de filmes Sci-Fi, com naves, tecnologia e aliens. Quando anunciaram o tal Mickey 17 com Robert Parkinson, digo, Pattinson, fiquei intrigado e curioso. O título não entregava muita coisa, mas o nome do diretor por trás da obra dizia muita coisa: Bong Joon Ho, o diretor que transformou uma história sobre classes sociais e porões escondidos em um Oscar (Parasita)

Confesso que fui com expectativas moderadas, mas aquele tipo de expectativa que fica cutucando: “e se for genial e eu não estiver preparado?”. A resposta é: fui surpreendido e ligeiramente perturbado. E isso, pra um bom Sci-Fi, é elogio.

A premissa já é daquelas que muda totalmente sua perspectiva da vida: Mickey é um "descartável", um funcionário clonável enviado para fazer trabalhos perigosos em um planeta inóspito chamado Niflheim. Ele morre, é clonado, (impresso, palavras ditas no próprio filme) volta com as memórias intactas e repete o ciclo. Até que um dia… o Mickey 17 volta vivo de uma missão e encontra o Mickey 18 já funcionando. Duas cópias e uma baita crise existencial.

A trama, que parece coisa de Rick and Morty com crises existenciais malucas, vai muito além da confusão dos clones. O diretor usa o caos para refletir sobre o valor da vida, o papel da consciência e o quanto vale sua existência quando você é substituível até no café da manhã.

Robert Pattinson entrega um protagonista que não sabe se ri, chora ou se auto-deleta. E a vibe do filme é essa mesma: ora filosófica, ora debochada, ora tensa. O visual é bonito, mas não no sentido tradicional de “sci-fi lustroso e limpo”. Tem sujeira, tem desconforto, tem aquele climão distópico em que tudo parece estar prestes a dar errado e realmente dá tudo errado.

O elenco ajuda a segurar essa viagem espacial insana: Toni Collette como uma comandante com cara de quem já mandou meia dúzia de Mickeys pro espaço sem piscar, Mark Ruffalo no modo “patrão opressor do futuro” e Naomi Ackie trazendo um respiro emocional. De verdade, conhecia so o Robert e o Mark Ruffalo. Inclusive, fiquei com muito ódio do personagem do Mark, daqueles que dá vontade bater na cara. Se um ator te faz ficar com raiva do personagem que ele representa, devo aceitar que ele é um baita ator.

Agora, vamos ser sinceros: Mickey 17 não é pra todo mundo. Tem ritmo mais lento que certos blockbusters pipocudos e exige atenção. Mas se você curte um sci-fi mais cabeça, com questionamentos morais, existencialismo e um clone batendo boca com sua versão mais nova, vai fundo. Ah, e se você assistiu só pelo Pattinson e esperava vampiro brilhando no espaço, sinto dizer que aqui o brilho é da reflexão (e do sarcasmo cósmico).

Mickey 17 já está disponível na HBO Max.


domingo, junho 08, 2025

A Dona da Bola - Netflix

Tá ai uma serie que me surpreendeu. Eu gosto muito de filmes e series que mostram a gestão de times das ligas norte-americanas. Filmes como Draft e Um Domingo Qualquer estão entre os meus preferidos. Comecei a assistir a serie sem pretensão, simplesmente por conta do tema (cof cof, Kate Hudson) e admito que cochilei nos dois primeiros episódios. Estava monótono, chato e difícil de assistir. Mas continuei e não me arrependi. Cheguei ao ultimo episodio querendo mais, uma pena que acabou pois são episódios de 30 minutos e dez episódios passa bem rápido quando a serie deslancha.

Mas o que é a serie? É uma comédia lançada pela Netflix em 27 de fevereiro de 2025, estrelada por Kate Hudson no papel de Isla Gordon. A trama acompanha Isla, que, após anos sendo subestimada, é inesperadamente nomeada presidente do time de basquete Los Angeles Waves, pertencente à sua família. Ela enfrenta resistência tanto dentro da família quanto no competitivo mundo dos esportes, buscando provar que é a escolha certa para o cargo e tentando levar o time para os playoffs da liga.

Mas a série não é só sobre bola laranja e tabela. É sobre poder. Sobre mulheres invadindo o playground masculino dos esportes de alto nível. Sobre as rasteiras da vida corporativa. E, claro, sobre o bom e velho nepotismo, que dessa vez até tem seu charme. A serie tem humor, tem crítica, e tem Kate Hudson dando show

A primeira temporada possui 10 episódios e, devido à boa recepção do público, a Netflix já confirmou a renovação para a segunda temporada

sexta-feira, junho 06, 2025

A Logica da Troca

Trocas, poder e obrigações: o que Mauss e Malinowski diriam do nosso mundo?

Você já parou pra pensar que quase nada na vida é realmente “de graça”? Mesmo os gestos mais simples, um favor, um presente, um convite carregam consigo uma carga invisível de expectativa, de obrigação. E essa lógica da troca, que a gente costuma achar que ficou no passado tribal, continua vivíssima hoje. Talvez disfarçada, mais sutil, mas tão poderosa quanto sempre foi.

Na antropologia, dois nomes gigantes ajudaram a entender esse fenômeno: Marcel Mauss e Bronisław Malinowski. E embora ambos tenham estudado trocas em sociedades ditas “primitivas”, o que eles descobriram serve como uma luva pra entender a sociedade atual, essa em que trocamos likes por validação, favores por influência, presentes por posições.

Mauss, em seu clássico Ensaio sobre a Dádiva, mostrou que dar, receber e retribuir não são gestos espontâneos. Eles criam vínculos, amarram pessoas, geram obrigações. Quando alguém te dá algo, você se sente em dívida. E essa dívida não é só econômica ela é moral e simbólica. Recusar um presente, por exemplo, é como recusar um vínculo e não retribuir pode ser lido como desrespeito ou fraqueza. É como se estivéssemos presos num eterno ciclo de trocas que mantém a sociedade coesa ou controlada.

Malinowski, por outro lado, analisando o sistema Kula nas Ilhas Trobriand, observou que essas trocas também têm uma função: manter a ordem, reforçar status, organizar a vida social. A troca, nesse caso, não é sobre o objeto em si, mas sobre o que ele representa. Um colar passado de mão em mão não é só um adorno é um sinal de prestígio, de pertencimento, de hierarquia. Trocar é, portanto, uma maneira de manter todo mundo “no seu lugar”.

Agora, transporte isso pro nosso tempo. Quando uma marca manda um mimo pra um influenciador, está oferecendo mais do que um produto está oferecendo um pacto silencioso. Quando alguém te indica pra uma vaga, ou te ajuda num projeto, essa pessoa está, conscientemente ou não, gerando uma expectativa de retorno. Quando políticos recebem apoio de empresários ou grupos religiosos, a dívida não é só moral é política, é estratégica.

Até mesmo o marketing moderno bebe da fonte de Mauss e Malinowski. Programas de fidelidade funcionam como trocas ritualizadas: o cliente “ganha” algo, mas na verdade está sendo amarrado a um ciclo de obrigações. A marca dá, o consumidor retribui com lealdade, e assim o jogo segue.

Nas relações pessoais não é diferente. Amizades, parcerias, redes de contato, tudo isso opera, em algum nível, dentro da lógica da troca. Às vezes explícita, às vezes velada. Você ajuda alguém hoje, sabendo que pode precisar dela amanhã. Você convida alguém pra um evento, esperando ser lembrado no próximo. Você comenta e curte o post do amigo, esperando o mesmo em troca. A vida cotidiana virou um tabuleiro de reciprocidades não ditas.

No fundo, tanto Mauss quanto Malinowski estavam falando sobre poder. Sobre como ele circula, como ele se disfarça de gentileza, como ele se esconde atrás de um presente embrulhado com laço bonito. Trocar é um ato social, mas também é um ato político. É um jogo de controle, de pertencimento, de hierarquia.

E talvez, no mundo de hoje, o grande desafio seja justamente esse, perceber quando estamos trocando por afeto e quando estamos apenas sendo capturados por uma rede invisível de obrigações disfarçadas de gentileza.


quarta-feira, junho 04, 2025

O Astronauta


O Astronauta, estrelado por Adam Sandler, é aquele tipo de filme que promete uma jornada cósmica, mas entrega uma viagem arrastada pelo vazio não só do espaço, mas da própria narrativa. A premissa é curiosa: um astronauta solitário em missão perto de Júpiter começa a conversar com uma aranha alienígena gigante, que mais parece um terapeuta do que uma ameaça intergaláctica. A ideia poderia render algo filosófico, tocante, talvez até surpreendente... mas o resultado final é, honestamente, chato.

Adam Sandler se esforça no papel dramático, e até consegue mostrar uma dor interna legítima, mas o roteiro se arrasta num mar de diálogos introspectivos que soam profundos no papel, mas na tela viram monólogos existenciais repetitivos. O ritmo é tão lento que parece que o tempo no espaço parou de propósito só pra prolongar o tédio.

Visualmente o filme tenta ser poético, com planos contemplativos e silêncios eternos, mas tudo isso acaba servindo mais como anestésico do que provocação emocional. A aranha alienígena é simpática, sim, mas nem ela consegue salvar a viagem do completo marasmo. No fim, O Astronauta é o tipo de filme que te faz refletir... principalmente sobre por que você ainda não apertou o botão de "voltar ao menu da Netflix".

É bonito, é sensível, mas também é cansativo e em muitos momentos, simplesmente insuportável.


segunda-feira, junho 02, 2025

Coerencia

Coerência
James Ward Byrkit

Tudo começa com um jantar entre amigos. Risadas, conversas sobre o passado, discussões sobre astrologia, relacionamentos mal resolvidos e um cometa cruzando o céu. É uma daquelas noites que parecem normais, até que alguma coisa desencaixa. As luzes piscam. Os celulares quebram. A comunicação com o mundo lá fora se torna impossível. E o que era apenas uma reunião de velhos conhecidos se transforma num jogo mental onde nada nem ninguém é exatamente o que parece ser.

Coerência, filme independente lançado em 2013, dirigido por James Ward Byrkit, entrega uma experiência que incomoda de maneira inteligente. Sem precisar de efeitos especiais, monstros ou trilhas sonoras grandiosas, ele se apoia na tensão dos diálogos e na força de um roteiro engenhoso. O cenário é único, a casa onde tudo acontece. E a ameaça também: ela está do lado de fora, do lado de dentro, no reflexo do espelho e mais assustador ainda, nos próprios personagens.

A grande sacada é a abordagem do multiverso. Nada de explicações científicas detalhadas, fórmulas, gráficos ou viagens no tempo. Aqui, a ideia de realidades paralelas surge como um ruído, uma rachadura invisível que vai se ampliando até engolir a lógica das coisas. Aos poucos, os personagens percebem que não estão mais sozinhos. Outras versões de si mesmos estão ali por perto, vindas de realidades ligeiramente diferentes, carregando segredos, intenções e arrependimentos. E é aí que o filme atinge seu ponto mais alto: quando obriga cada um a encarar a pior versão de si. Ou talvez a mais honesta.

O roteiro foi feito com base em situações improvisadas. Os atores não sabiam tudo o que iria acontecer em cada cena. Isso dá um ar de verdade ao caos. As reações são cruas, confusas, como seriam se aquilo acontecesse de verdade. Porque, na prática, Coerência não fala só sobre buracos na realidade. Fala sobre o que as pessoas escondem, sobre decisões mal tomadas, sobre como a vida que levamos é só uma entre muitas possíveis, e como talvez estejamos mais próximos da nossa própria substituição do que gostaríamos de imaginar. Detalhe interessante: O filme inteiro foi gravado na casa do diretor, em uma semana.

É um filme que termina e continua ecoando. Te faz pensar em escolhas, em identidade, em como uma pequena mudança pode criar uma avalanche de consequências. A certa altura, surge a dúvida inevitável: e se aquela pessoa que saiu para pegar gelo não for a mesma que voltou?

Coerência é claustrofóbico, filosófico, silenciosamente perturbador. Uma daquelas produções que não subestimam a inteligência de quem assiste. Ao contrário, desafia e provoca. E deixa um gosto amargo de dúvida no final. Vale cada minuto. Especialmente se você gosta de sair do filme com a cabeça fervendo. 

Coerência está disponível no Amazon Prime.

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sábado, maio 31, 2025

A farsa do seja você mesmo


Vivemos numa era na qual autenticidade virou desculpa para grosseria, e sinceridade virou sinônimo de falta de noção. Mas será que ser você mesmo justifica tudo? Até o que machuca? Nesse texto, vamos encarar de frente um dos discursos mais repetidos e mais mal interpretados  do nosso tempo.

Tem algo estranho acontecendo nos discursos sobre autenticidade. A tal cultura do “seja você mesmo” que, em essência, deveria libertar, está fazendo o contrário, está aprisionando a convivência. Criamos uma geração inteira que acha bonito ser insuportável e ainda chama isso de coragem.

É tanta gente repetindo “eu sou assim mesmo” com orgulho, que o mundo virou refém de personalidades sem empatia, sem filtro, sem noção. Pessoas que confundem ser autêntico com ser grosseiro. Gente que não vê problema em magoar o outro, porque “foi só sinceridade”. E o pior, essa postura ganhou status de virtude.

A geração que cresceu ouvindo que não devia se curvar pra nada, que tinha que ser 100% verdadeira o tempo todo, esqueceu de algo essencial, ser educada, ser gentil, ser minimamente suportável. Porque sim, existe uma diferença entre ser verdadeiro e ser simplesmente... um problema.

Hoje, qualquer tentativa de limite é vista como opressão. Qualquer correção é tratada como um ataque pessoal. Qualquer “não” vira um trauma. Ninguém quer crescer. Querem apenas ser aceitos do jeito que estão mesmo que estejam mimados, emocionalmente descompensados, grosseiros e mal resolvidos.

E aí vem a verdade que ninguém gosta de ouvir: isso não é evolução. É ego. Ego travestido de autenticidade. Ego que se recusa a mudar, que não escuta ninguém, que só grita. E grita frases de autoajuda mal digeridas, como se elas pudessem justificar atitudes tóxicas.

Ser você mesmo é lindo. Mas só se esse “você” não for alguém impossível de conviver. Se o seu “eu” não sabe respeitar o espaço do outro, se não tem autocontrole, se não reconhece que precisa melhorar então não é autenticidade. É só preguiça emocional com nome bonito.

Ser autêntico não é ter passe livre pra ser sem noção. Ser verdadeiro não é sinônimo de ser estúpido. E acima de tudo, ser você mesmo não te dá o direito de ser um babaca. Se a sua verdade machuca todo mundo à sua volta, talvez esteja na hora de repensar se isso é mesmo autenticidade... ou só mais uma armadura de quem tem medo de crescer.

Ser você mesmo é maravilhoso, mas só se você for alguém que os outros aguentam conviver. Senão, é so mais uma personalidade toxica se escondendo atras de frases prontas. Ser verdadeiro não é ser estupido, ser autentico não é ser sem limites. Ser você mesmo não te da o direito de ser um problema para o mundo, um babaca egoísta que usa a palavra autentico para justificar sua falta de educação e falta de empatia com as outras pessoas.

No fim das contas, ser você mesmo é um ponto de partida, não de chegada. É onde começa o caminho da evolução, não onde ele termina. Quem usa a própria personalidade como desculpa pra não mudar, não é autêntico. É só preguiçoso demais pra crescer.

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quinta-feira, maio 29, 2025

Guerra Silenciosa e O Poder Atomico


Vivemos num tempo em que as guerras não precisam mais de tanques cruzando fronteiras ou aviões despejando bombas para acontecerem. Hoje, a guerra pode ser silenciosa: ocorre no campo das ameaças, das sanções, da espionagem, da manipulação da informação e principalmente do medo. E esse medo tem nome: arma nuclear.

Na atual conjuntura global, ser uma potência nuclear virou sinônimo de influência e sobrevivência. Não é apenas um símbolo de força militar, mas uma carta política brutalmente eficaz na mesa de negociação internacional. O exemplo mais claro é Vladimir Putin e a guerra na Ucrânia.

Desde 2022, a Rússia invade, recua, retoma e destrói. Mas o fato concreto é: a Ucrânia ainda não venceu, e a OTAN, apesar da força militar e econômica que representa, não interveio diretamente com tropas em solo. Por quê? Porque Putin tem a bomba atômica. E deixou claro, mais de uma vez, que pode usá-la. O que antes era impensável, agora serve como escudo. O resultado disso? A Rússia segue fazendo o que quer dentro de certos limites, justamente porque ninguém quer apertar o botão vermelho do outro.

É esse mesmo raciocínio que faz o Ocidente afirmar com tanta veemência: o Irã não pode ter uma bomba nuclear. Não se trata apenas de impedir um ataque direto trata-se de impedir que o Irã entre no “clube” dos que impõem respeito pelo medo. Quem tem bomba atômica muda o equilíbrio geopolítico do mundo. A diplomacia se curva. As alianças se adaptam. E as ameaças se tornam muito mais reais.

O problema é: e se todos tiverem?

Imagine um planeta com 30 países armados com ogivas nucleares. Um mundo assim não é só instável é um pesadelo geopolítico. Porque a dissuasão mútua que hoje ainda existe entre potências pode virar uma cadeia de pânicos, reações emocionais e erros de cálculo. Seria o colapso da diplomacia pela via do terror.

No fundo, toda guerra é política. É resultado de divergências humanas, de interesses conflitantes, de choques culturais e econômicos. E, como lembra Kant em seu famoso ensaio Paz Perpétua, democracias não entram em guerra contra outras democracias. Isso não é um idealismo: é um dado histórico real. Guerras, geralmente, vêm de regimes autoritários que enxergam o conflito como extensão da vontade de poder.

A Rússia é exemplo claro disso. Historicamente, nunca teve uma cultura política democrática. Foi império czarista, passou por ditaduras comunistas e agora vive um regime fortemente autoritário. Não é sobre Putin em si. Se ele cair, outro virá. O sistema não é feito para a alternância de poder. É feito para a perpetuação dele. A história russa comprova isso.

O mundo vive, portanto, uma guerra fria reconfigurada, mais atores, mais riscos e mais incertezas. A diferença é que, hoje, ela é menos declarada mas ainda mais perigosa.

Outros posts aqui do blog sobre o assunto de Geopolítica:

Narva no Alvo

Soldados Estrangeiros e o Risco de Guerra

Nova Guerra Mundial


terça-feira, maio 27, 2025

O Eternauta - Netflix


Não conhecia a história de O Eternauta.
Sei que é baseada em uma HQ de um autor argentino, Héctor Oesterheld, segundo descobri no Google, foi um dos desaparecidos pela ditadura militar. Isso já dá um peso diferente à obra.

A série estreou há poucos dias, mas rapidamente se tornou uma das mais assistidas do mundo. E o motivo fica claro logo no primeiro episódio: uma neve misteriosa começa a cair do nada, parece poeira branca, mas mata instantaneamente quem encosta nela. O detalhe bizarro: enquanto está caindo, ela é letal, mas depois que se acumula no chão, perde o efeito e ninguém sabe o motivo.

Buenos Aires vira um deserto de cadáveres. E o pior, a tragédia não se limita à cidade. Logo se descobre que o caos se espalhou pelo Uruguai e pelo sul do Brasil, pelo menos até onde se tem notícia.

A série não aposta em batalhas épicas, mas sim em tensão, medo e na forma como as pessoas tentam se organizar em meio ao colapso. O Eternauta acerta em mostrar que o perigo não vem só do céu, mas também de quem ainda está vivo. Tem muita gente desesperada, violenta e tão ameaçadora quanto a própria nevasca assassina.

Spoiler brabo agora:
Com o desenrolar dos seis episódios, a série vai revelando que tudo isso faz parte de uma invasão alienígena cuidadosamente orquestrada. Camada por camada, a verdade vai se descascando até o desfecho do último episódio.

E sim, segundo a própria Netflix, teremos uma segunda temporada.

Nunca li a HQ, mas confesso que fiquei muito curioso pra saber o que vai acontecer a seguir. Se a história original for tão boa quanto essa adaptação, é sinal de que ainda tem muita neve e muita caos pela frente.

Até a próxima!