quinta-feira, março 27, 2025

O Som do Trovao - Analise do Filme

O Som do Trovão - 2006 - Amazon Prime
Direção: 
Peter Hyams

Filme antigo, de 2006, porém nunca tinha assistido. Amo filmes de viagem do tempo e confusões temporais e não sei por qual motivo, não tinha visto ainda. Já ouvi muito sobre ele, varias informações, spoilers, enredos mas não tinha visto. Tirei um tempinho e vi. Como sempre gosto de fazer post dos filmes que vejo, ta aqui mais um.

Um Exemplo de Como Não Brincar com o Passado

Às vezes, um filme de ficção científica chega com uma premissa tão interessante que você até ignora os efeitos especiais ruins, os diálogos estranhos e os furos no roteiro. O Som do Trovão é um desses casos. Baseado no conto de Ray Bradbury, o filme tinha tudo para ser um marco da ficção científica, mas acabou sendo mais lembrado pelos seus problemas do que pelo potencial da história.

O enredo gira em torno de uma empresa chamada Time Safari Inc., que oferece a milionários a experiência de viajar no tempo para caçar dinossauros. A única regra: nada pode ser alterado. Mas, como a ficção científica já nos ensinou, se existe uma regra dessas, alguém vai quebrá-la. O protagonista, Travis Ryer (interpretado por Edward Burns), é um cientista que lidera as caçadas no tempo. Tudo vai bem até que uma caçada dá errado: um dos caçadores pisa em uma borboleta no período Cretáceo. O que parecia um detalhe irrelevante causa um efeito cascata devastador na linha do tempo, mudando completamente a realidade do presente.

Aqui começa o grande problema: a cada onda temporal que atinge o presente, o mundo se altera de maneira bizarra. O primeiro efeito é sutil, mas logo animais mutantes aparecem nas ruas, plantas gigantes tomam conta da cidade e a própria humanidade começa a se transformar. Essas mudanças ocorrem em “ondas” que varrem o tempo, um conceito que até faz sentido dentro da proposta do filme, mas que é mal executado e gera algumas das cenas mais bizarras da trama. O grupo de protagonistas precisa encontrar uma maneira de corrigir o erro e impedir que a realidade continue se deteriorando. A cientista Sonia Rand (Catherine McCormack) é a mente por trás da tecnologia de viagem no tempo e a única que parece ter uma real noção do desastre iminente. A corrida contra o tempo é cheia de clichês, perseguições e dilemas morais sobre as consequências da interferência no passado.

Apesar da premissa excelente, O Som do Trovão sofreu com diversos problemas de produção. O filme teve um orçamento modesto para os padrões da época, e os efeitos visuais são sofríveis, parecendo algo saído de um videogame dos anos 90. As criaturas mutantes, que poderiam ser aterrorizantes, acabam sendo hilárias de tão mal feitas. Os diálogos também não ajudam. Muitas cenas de exposição tornam o filme cansativo e a atuação é inconsistente. Edward Burns tenta segurar o filme como protagonista, mas falta carisma. O vilão da corporação, interpretado por Ben Kingsley com um penteado ridículo, é caricata demais para ser levada a sério.

Apesar dos problemas, O Som do Trovão ainda levanta questões interessantes sobre viagem no tempo e efeito borboleta. A ideia de que pequenas mudanças podem ter consequências inimagináveis é um dos conceitos mais fascinantes da ficção científica. Se tivesse um roteiro mais refinado e uma produção melhor, poderia ter sido um clássico do gênero. Infelizmente, o que fica são os efeitos ruins, as decisões questionáveis e um roteiro que não soube aproveitar todo o seu potencial. Mas, se você gosta de ficção científica e não se importa com falhas técnicas, pode ser uma experiência divertida, mesmo que seja para rir dos absurdos.

O diretor é Peter Hyams. Ele também dirigiu filmes como O Fim dos Dias, Timecop e Capricórnio Um. Hyams é conhecido por seu trabalho em ficção científica e ação, mas O Som do Trovão acabou sendo um dos projetos mais problemáticos de sua carreira, principalmente por conta dos problemas de produção e dos efeitos visuais abaixo do esperado.

O Som do Trovão é um daqueles filmes que nos lembram que boas ideias nem sempre resultam em bons filmes. Se fosse refilmado hoje, com a tecnologia atual e um roteiro mais cuidadoso, talvez pudesse finalmente fazer jus ao conto de Ray Bradbury. Até lá, fica como um exemplo de como mexer no passado pode criar um presente cheio de decepções cinematográficas.

Até a próxima.


Nenhum comentário: