No embalo da semana de estreia do novo filme do Superman, o Multiverso do Kaka abre as portas de gelo e memória para falar de um dos locais mais emblemáticos da cultura pop: a Fortaleza da Solidão. Prepare-se, porque esse é só o começo de uma série de postagens dedicadas ao azulão. O mito, o símbolo, o último filho de Krypton.
A Fortaleza da Solidão nunca foi só um esconderijo. Nem um “QG de herói”. Desde sua primeira aparição nos quadrinhos, ela carrega um peso simbólico que poucos lugares fictícios conseguem sustentar, sendo um elo entre dois mundos. É a fronteira entre o que Kal-El foi e o que Clark Kent tenta ser. Um espaço onde a nostalgia de Krypton e o peso do legado alienígena colidem com o silêncio gélido da Terra.
Já foi retratada de várias formas, de um castelo de cristal nas montanhas geladas a uma estrutura quase tecnológica flutuante em animações futuristas. No cinema, o cristal é o que mais marcou. Richard Donner fez dela um templo, um monumento ao passado de um mundo extinto. A versão de Zack Snyder seguiu um caminho mais militarizado e tecnológico. Já nas animações, como a da Liga da Justiça ou Superman: The Animated Series, ela varia entre laboratório, museu e até zoológico cósmico. Mas em todas as versões, uma verdade se mantém ali, o Superman está só.
E é nessa solidão que ele se conecta com quem realmente é. Ali, longe do barulho de Metrópolis, ele se permite ser Kal-El. Conversar com projeções de Jor-El, aprender sobre culturas perdidas, manter viva uma herança que ninguém mais no universo pode carregar. A Fortaleza é um refúgio mas também é um lembrete que não importa o quanto ele se esforce para ser humano, ele veio de outro lugar. E carrega esse outro lugar dentro dele.
Mais do que um local físico, a Fortaleza da Solidão é uma manifestação da dualidade que define o Superman. Não se trata apenas de lutar pela verdade e justiça. Trata-se de ser o último guardião de um legado extinto, de proteger não só a Terra, mas também as memórias de um povo que já não existe.
E se você parar pra pensar, aquela inteligência artificial que governa a Fortaleza, geralmente uma projeção de Jor-El, não é apenas um assistente. É praticamente uma extensão da mente kryptoniana. É um eco da ciência de Krypton, um conselheiro, um banco de dados emocional, quase um pai recriado em dados e luz. É o que ajuda Kal-El a não esquecer e o que o impede de se perder.
Brainiac, em sua forma mais pura, é a ameaça definitiva à memória. Um vilão que não destrói por prazer, mas por lógica. Para ele, preservar é o mesmo que aprisionar. Conhecimento só tem valor quando está sob seu controle absoluto. É por isso que a Fortaleza da Solidão, com todos os seus cristais de memória e ecos do passado kryptoniano, representa um alvo. Não apenas um banco de dados, mas uma rebelião contra sua filosofia de dominação. Enquanto a Fortaleza honra, Brainiac arquiva. Enquanto ela guarda para lembrar, ele engarrafa para possuir. É o confronto entre o guardião e o colecionador.
Já Lex Luthor enxerga a Fortaleza com outros olhos, os de um homem que não suporta a ideia de algo ou alguém estar acima dele. Ao longo das décadas, ele tentou invadir, sabotar, desmontar ou até usar a tecnologia da Fortaleza contra o próprio Superman. Mas sua motivação não é cósmica, e sim profundamente humana. Orgulho.
Para Luthor, a existência da Fortaleza é uma afronta. Um lembrete de que, por mais genial que seja, sempre haverá algo que ele não pode controlar. Se Brainiac representa o perigo da razão fria, Lex é o aviso sobre o que acontece quando o ego humano encontra poder demais. Ambos ameaçam a Fortaleza por razões distintas, mas com um mesmo resultado, mostrar que até o último refúgio do Superman pode sangrar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário