sábado, julho 05, 2025

Juju e a Maratona Pre-Historica


Tudo começou com uma missão simples: rever todos os filmes da franquia Jurassic Park antes da estreia de Jurassic World: Rebirth. Uma espécie de ritual sagrado, sabe? Relembrar os clássicos, redescobrir o medo dos Velociraptores, tentar entender por que alguém ainda acha uma boa ideia recriar um parque de dinossauros depois de DAR ERRADO CINCO VEZES.

Mas dessa vez eu não estaria sozinho. Ao meu lado, imponente e julgado por ninguém menos que Deus, estava ele: Jubileu, vulgo Juju, o Tiranossauro de 70 centímetros que habita meu quarto e meu imaginário desde tempos imemoriais.

Coloquei o primeiro filme. 1993. A trilha sonora tocou e eu arrepiei inteiro. Juju continuou imóvel, como sempre, mas senti, juro que senti, que ele também reconheceu aquele tema. Tipo quem ouve o hino do seu povo depois de décadas no exílio. O brontossauro apareceu e Juju apenas virou ligeiramente a cabeça. Um gesto sutil, como quem diz: “Esse aí era meu vizinho.”

Seguimos para o segundo. O Mundo Perdido. E logo nas primeiras cenas, Juju demonstrou seu descontentamento. Eu sei porque ele ficou de frente para TV como se estivesse fazendo plantão de protesto. Acho que ele não engole o fato de terem mostrado o T-Rex como um bicho domesticável, passeando em San Diego. O Juju é da ala conservadora dos dinossauros, selvagem, comedor de advogados, inimigo declarado de cercas elétricas.

No terceiro filme, quando o dinossauro novo derrota o T-Rex, eu ouvi um barulho. Sério. Um "cloc" vindo da mesa/estante. Olhei pra ele. Juju estava no mesmo lugar. Mas o olhar era diferente. Mais escuro. Mais decepcionado. Como se dissesse: “Esse roteiro me ofende.”

A trilogia Jurassic World foi ainda mais delicada. Durante o primeiro filme, ele tolerou. A aceitação veio provavelmente por ver que o T-Rex ainda tinha espaço no pôster. Mas quando chegamos no Reino Ameaçado, ele começou a dar sinais de rebeldia. Em determinado momento, pausei pra pegar água e quando voltei, o Juju estava virado de costas pra TV. Um manifesto silencioso contra o drama forçado e o dinossauro inventado no computador.

No último filme, ele já estava deitado no chão, caído, com as pernas pra cima. Virei pra ele e falei:

Tá cansado?

Ele não respondeu, claro. Apenas ficou ali. Calado. E julgando.

Terminamos a maratona com a sensação de dever cumprido. Eu, cheio de pipoca na camisa; ele, firme na sua missão de criticar com o olhar. Não sei se Juju gostou dos filmes. Mas tenho certeza que ele se sentiu representado. Porque, no fundo, por mais plástico que ele seja, ele ainda é dinossauro. E dinossauros merecem respeito.

Agora é esperar o filme novo. E sim, o Juju vai ao cinema comigo. Pode não caber na poltrona, pode causar comoção na fila, pode até ser barrado na entrada. Mas uma coisa é certa: ele vai assistir.

Nem que seja do carro, pelo retrovisor.

Calado. E julgando.

Em breve, um post sobre todos os filmes da saga, pois fiz varias anotações quando estava assistindo junto com o Juju. 

Jurassic World Rebirth teve sua estreia dia 03 de julho nos cinemas.

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