quarta-feira, abril 30, 2025

Kraven - O Cacador

Kraven - O Caçador
Direção: J.C. Chandor

"Kraven: O Caçador" era uma das grandes promessas da Sony para seu universo paralelo do Homem-Aranha. Um filme estrelado por Aaron Taylor-Johnson, dirigido por J.C. Chandor e prometendo explorar um dos vilões mais icônicos dos quadrinhos de maneira mais sombria e violenta. Só que a caçada acabou saindo diferente do que muita gente esperava.

O filme tenta transformar Kraven em algo próximo de um anti-herói atormentado, uma escolha que, embora compreensível no atual panorama dos filmes de vilões (vide Venom e Morbius), acaba diluindo muito a essência do personagem. Nos quadrinhos, Kraven é movido por honra, orgulho e um senso de propósito selvagem. No filme, ele se torna um produto de trauma familiar e experiências genéticas, uma mudança que, apesar de ter potencial, foi tratada de maneira superficial.

Visualmente, "Kraven" entrega boas cenas de ação e um design que respeita elementos clássicos do personagem. As lutas são até legais, com uma violência gráfica que foge do padrão dos filmes de heróis mas há um esforço real de mostrar Kraven como uma força da natureza, o que é um ponto positivo.

O problema maior está no roteiro: a história se arrasta em muitos momentos, parece insegura sobre o tom que quer adotar e falha em construir uma conexão forte com o público. As motivações dos personagens são apresentadas de maneira rasa, e até mesmo o conflito com seu pai, que deveria ser o coração emocional do filme, perde força devido a diálogos forçados e resoluções apressadas.

Outro ponto que pesa: a sensação de que "Kraven" é apenas mais uma peça no tabuleiro da Sony para criar um universo que liga seus vilões sem o Homem-Aranha. A ligação com outros filmes (como a aparição do vilão Rhino) parece mais uma obrigação contratual do que algo realmente orgânico para a trama.

"Kraven" tinha tudo para ser um filme diferente: brutal, introspectivo, instintivo. Mas acaba tropeçando nos velhos vícios das adaptações apressadas: desenvolvimento raso, personagens pouco explorados e uma vontade maior de preparar terreno para futuros filmes do que de contar uma boa história agora.

Não é ruim mas é cansativo. Não é o pior filme da Sony, mas também está longe de ser a caçada épica que os fãs esperavam. SE é que esperavam alguma coisa. Pensando bem, será que existe alguém que é fã desse personagem? Particularmente, só assisti porque pensei que poderia ter alguma referencia ao Homem Aranha ou talvez ao Venom do Tom Hardy. 

Não teve. Nem cenas pós créditos.

Até a próxima. 

segunda-feira, abril 28, 2025

A Verdadeira Dor - Filme

A Verdadeira Dor
Direção: Jesse Eisenberg

Tem filmes que doem. Outros fazem rir. E tem os que fazem os dois ao mesmo tempo, como se o riso fosse só uma distração enquanto a dor prepara o próximo soco. A Verdadeira Dor é esse tipo de filme. E, por isso mesmo, não é pra qualquer um.

Escrito, dirigido e protagonizado por Jesse Eisenberg, com Kieran Culkin no papel do primo que todo mundo evita na ceia de Natal, o filme parece, à primeira vista, uma daquelas comédias indie com diálogos rápidos e cenários bucólicos. Mas não se engane: isso aqui é uma viagem pela memória, pelo luto e pelas rachaduras invisíveis que a família empurra pra debaixo do tapete por gerações.

A trama começa com uma jornada pela Polônia, em homenagem à avó sobrevivente do Holocausto. Dois primos, uma mala de sentimentos mal resolvidos e o peso de uma história que parece muito maior do que eles. E é mesmo. A dor aqui não é só pessoal, é histórica. E como processar tudo isso quando nem a sua própria dor você entende direito?

Kieran Culkin entrega um personagem que parece rir da vida como um escudo. Um riso nervoso, forçado, daqueles que a gente solta quando não sabe o que sentir. Já Eisenberg é o primo certinho, o que tenta controlar tudo, inclusive o caos emocional que carrega. A química entre eles é brutalmente verdadeira. A impressão é de que a câmera só ligou e deixou os dois se baterem em silêncio e sarcasmo até que algo explodisse.

E explode. Não em grandes momentos cinematográficos, mas em silêncios, em olhares, em falas jogadas como quem não quer dizer nada, mas diz tudo. Porque é assim mesmo na vida real, né? Ninguém marca data e hora pra desabar.

O que me pegou, talvez, seja essa sensação de que todos nós temos uma herança emocional que não escolhemos. Histórias que vieram antes da gente e que, mesmo sem a nossa permissão, moldam quem somos. Como seguir em frente com tanto peso atrás? Como amar alguém que compartilha sua dor, mas não sabe demonstrar afeto?

O filme não responde. E ainda bem. Porque talvez a graça esteja em justamente não saber. Em apenas caminhar, tropeçar, rir de nervoso e continuar andando. A Verdadeira Dor é isso: uma caminhada torta entre risos e memórias. Um lembrete de que às vezes a única forma de seguir é reconhecendo que a dor é real e compartilhada.

Ah, e como se não bastasse emocionar plateias mundo afora, A Verdadeira Dor também fez bonito no Oscar. O filme levou Melhor Roteiro Original, coroando a escrita afiada e sensível de Jesse Eisenberg, e garantiu a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante para Kieran Culkin, que entregou um desempenho tão visceral quanto contido, uma montanha-russa de emoções disfarçada de piadas ácidas. A Academia, dessa vez, reconheceu que o riso, quando nasce da dor, tem um valor raro. Um filme pequeno, íntimo, mas com impacto de blockbuster emocional. Acho que merece sua atenção!

Até a próxima!

sexta-feira, abril 25, 2025

Enquanto Criticam, Ele Entrega


O São Paulo lidera seu grupo na Libertadores. Tem a melhor sequência da sua história no torneio continental. Está invicto no Brasileirão.  E o que boa parte da torcida faz? Pede a cabeça do treinador. O mesmo que chegou com um elenco remendado, perdeu seus principais jogadores por lesão e ainda assim botou o time pra jogar bola. E não é qualquer bola: é bola competitiva, consistente, com garotos da base brilhando e até jogador que parecia carta fora do baralho decidindo jogo. Ferreirinha fazendo gol e o fraquíssimo André Silva também! Pois é.

Luis Zubeldía não joga pra galera. Joga pelo grupo. Quando um jornalista tenta diminuir o São Paulo, ele não abaixa a cabeça. Briga. Defende os jogadores com todas as forças. Compra as dores do elenco como se fossem dele. E isso, sejamos honestos, é praticamente inédito no futebol brasileiro. A maioria dos técnicos aqui larga o vestiário no primeiro sinal de fumaça. Zubeldía, não. Ele é o primeiro a entrar em campo antes mesmo do time.

Quando perguntaram sobre a sequência invicta na Libertadores, ele foi direto: “Não gosto de falar desses dados, soa narcisista”. Preferiu exaltar os títulos do clube, as glórias do passado, e reforçou que seu papel é apenas honrar essa história agora, em 2025. Enquanto muitos querem holofote, ele quer jogo. E o São Paulo voltou a ter isso.

Só que vivemos numa era em que tudo é julgamento instantâneo. Garotos que mal saíram de Cotia já são jogados aos leões pela própria torcida, a mesma que diz amar a base. Zubeldía pede paciência. Fala sobre o peso das redes sociais, sobre a importância de formar atletas com cabeça forte antes de cobrar protagonismo. É quase um grito de socorro contra a ansiedade coletiva que consome o futebol brasileiro. E sabe o que acontece? Chamam o cara de fraco, de perdido, de “não ter DNA tricolor”. Quando a verdade é outra: tem muita gente que não aguenta ver um gringo comandando o resgate da identidade do clube. A XENOFOBIA, às vezes, se esconde até atrás de uma camisa tricolor.

E pra piorar, ainda tem as viúvas do Dorival por aí. O mesmo Dorival que largou o clube na primeira piscada da Seleção. Que fez um bom trabalho em 2023? NÃO. Poucos se lembram mas tinha torcedor fazendo contas pra não ser rebaixado e que foi campeão da Copa do Brasil muito mais por lampejos individuais do que por um time arrumado e coletivo. Pegou a Seleção e... nada. Tinha em suas mãos os melhores jogadores brasileiros e não entregou nada. Sabe o que eu vejo aqui? Só saudade injustificada.

Tudo isso porque tem torcedor que prefere o nome que já conhece ao trabalho silencioso de reconstrução que está diante dos olhos. Mas quem realmente ama o São Paulo sabe: o que Zubeldía está fazendo, com o que tem nas mãos, é digno de aplausos. E de paciência. A mesma que ele pede para os garotos. A mesma que ele merecia da arquibancada.

Sabado tem um confronto difícil contra o Ceara, no Castelão e o departamento médico cada vez mais lotado.
Seguimos na torcida!
Vamos Tricolor!!

.

quarta-feira, abril 23, 2025

Sue Storm e Namor: rolou ou não rolou?

Vamos falar de uma fofoca interdimensional das boas?

Não é de hoje que o tal do Namor, o príncipe de sunga e sobrancelha afiada, anda jogando charme pra cima da Mulher Invisível. E não é só charme, não, o cara literalmente invade a superfície, desafia o Quarteto Fantástico, declara guerra e amor no mesmo fôlego. Tudo isso por quem? Sue Storm, a heroína mais desejada do oceano e da superfície.

E você aí achando que só o Reed Richards era complicado.

A verdade é que o relacionamento de Sue com o Senhor Fantástico é, digamos… cheio de pausas dramáticas. Reed vive enterrado nos próprios experimentos, no multiverso, na própria arrogância. Enquanto isso, Namor chega todo molhado, oferecendo um reino submarino e atenção 100% integral. Quem nunca caiu numa cilada dessas, né?

O flerte começou lá nos anos 60, nas primeiras edições do Quarteto Fantástico, quando Namor surge como um anti-herói com pinta de rei grego e intenções nem tão nobres assim. Ele não escondia: queria a Sue. E não era só “te acho bonita”, era do tipo “larga tudo e vem ser minha rainha de Atlântida”. Descarado? Talvez. Persistente? Com certeza. Charmoso? Pergunta pra Sue.

Só que a nossa Mulher Invisível nunca atravessou a linha. Ela se sentia balançada, sim. Não vou mentir, já teve aquele olhar demorado, aquela hesitação clássica de quem pensa “e se?”. Mas no final das contas, ela sempre voltou pro Reed. Mesmo com o ego inflado. Mesmo com o laboratório cheio de máquinas que ninguém entende. Mesmo com zero tempo pra um jantar romântico.

Mas e beijo? E rolo? E affair escondido nas profundezas?

Não. Nunca rolou oficialmente.

Mas o “quase” foi tão forte, tão intenso, que até hoje o povo discute. Inclusive, em universos paralelos e realidades alternativas, Sue e Namor já foram casal, sim. E pasme: até funcionavam. Só que aí já é fanfic oficial da Marvel.

No fundo, Namor ficou pra história como o maior crush não concretizado da Casa das Ideias. E Sue? Seguiu sendo uma das personagens mais humanas, contraditórias e interessantes da editora. Dividida entre a razão e a emoção, entre o laboratório seco do Reed e os mergulhos perigosos com o Príncipe Submarino.

E você?
Team Reed ou Team Namor?
Ou só quer ver o circo cósmico pegar fogo? 

Até a próxima!

terça-feira, abril 22, 2025

A Historia do Universo Para Quem Tem Pressa


A Historia do Universo Para Quem Tem Pressa - Colin Stuart

"Que livro gracinha, que livro sensacional!" Começo a resenha com essa citação. Nos últimos meses me tornei um aficionado por astronomia. E ler esse livro foi sensacional, pois além de uma leitura agradável, ele traz muitas informações importantes sobre o universo, leis da física, cientistas e recentes descobertas da astronomia.

Colin Stuart escreve como quem está conversando com um amigo que acabou de olhar pro céu e perguntar: “o que é aquilo brilhando ali?”. É tudo muito fluido, leve, como se a complexidade do cosmos tivesse sido passada por um filtro de simplicidade sem perder a beleza. Me peguei sorrindo em vários momentos, não só pelo conteúdo, mas pela forma como ele é apresentado. Não é um manual técnico, tampouco um tratado científico; é uma jornada rápida pelo tempo e espaço, onde em poucas páginas viajamos de Galileu à sonda Juno, dos antigos observadores do céu às ideias modernas sobre multiversos.

Dá vontade de sair contando pra todo mundo que buracos negros podem evaporar, que temos mais galáxias do que grãos de areia nas praias do mundo, que o universo está se expandindo cada vez mais rápido e ninguém sabe direito por quê. Fiquei meio abobado com tanta coisa que eu achava que entendia e que agora faz um pouco mais de sentido. E ainda assim, o livro termina e você sente que mal arranhou a superfície, o que é ótimo, porque ele cumpre a missão de instigar, não de encerrar.

Faltou só um pouco mais de diversidade geográfica nas referências históricas, mas nada que atrapalhe a experiência.

Terminei querendo mais. Terminei querendo comprar um telescópio. Terminei olhando pro céu com um pouco mais de reverência. Se você é curioso e quer entender de onde viemos, pra onde vamos e o que diabos está acontecendo no universo, sem sair quebrando a cabeça com equações, esse livro é o seu bilhete de entrada. É como se o cosmos dissesse “senta aqui, deixa eu te contar uma história”, e você aceita de bom grado, com um café na mão e a cabeça nas estrelas.

Até!

segunda-feira, abril 21, 2025

Analise do Filme Aqui

Here (Aqui) 2024
Direção: Robert Zemeckis

O cinema adora brincar com o tempo, mas poucos filmes ousam fazer isso de uma maneira tão única quanto Here (Aqui), dirigido por Robert Zemeckis. Baseado na graphic novel de Richard McGuire, o longa desafia a lógica tradicional da narrativa ao contar a história de um único lugar ao longo de milênios, atravessando épocas e personagens de forma não linear. O resultado? Um exercício cinematográfico ambicioso que nem sempre acerta, mas que definitivamente merece atenção.

Diferente de narrativas convencionais que seguem personagens e suas jornadas, o filme se passa inteiramente dentro de uma sala de uma casa. Sim, um único ambiente, que ao longo do filme testemunha incontáveis mudanças: da pré-história até o futuro distante. Os moradores vêm e vão, cada um deixando sua marca, enquanto o tempo passa de forma fluida, sem seguir uma linha cronológica fixa. O conceito é fascinante, lembrando um quebra-cabeça onde cada peça traz uma nova camada de emoção e contexto.

Se há algo que chama atenção além da premissa, é a tecnologia utilizada no filme. Tom Hanks e Robin Wright, que voltam a trabalhar com Zemeckis desde Forrest Gump, interpretam seus personagens em diferentes fases da vida através de rejuvenescimento digital. A ideia é inovadora, mas levanta questionamentos sobre a naturalidade das atuações. Em alguns momentos, a técnica convence, mas em outros, a sensação de estranheza tira parte da imersão.

A forma como o tempo é apresentado no filme pode ser tanto seu maior trunfo quanto sua maior fraqueza. Enquanto a ideia de mostrar eventos desconectados dentro do mesmo espaço é intrigante, a execução pode ser cansativa para alguns espectadores. O filme exige atenção total, já que cenas aparentemente banais podem se conectar minutos (ou séculos) depois. Isso pode afastar quem prefere uma estrutura mais convencional, mas agrada quem gosta de narrativas desafiadoras.

"Aqui" não é um filme fácil. Ele brinca com as expectativas do público e desafia a forma como percebemos o tempo e a memória. Apesar das críticas mistas e da tecnologia de rejuvenescimento que nem sempre funciona perfeitamente, é um filme que merece ser assistido, nem que seja pelo seu conceito ousado. Se você gosta de narrativas não lineares e está disposto a embarcar em uma jornada mais experimental, vale a pena dar uma chance.

Até a próxima!

sexta-feira, abril 18, 2025

O dia em que a esperança vestiu capa

Superman Day

Hoje é 18 de abril, sexta-feira e se você sentiu um leve sopro de vento no cabelo, uma vontade repentina de olhar pro céu, ou aquele desejo inexplicável de fazer o bem... é porque é o Superman Day.

Foi em um dia como este, em 1938, que as bancas norte-americanas foram invadidas por uma capa vermelha e um símbolo que o mundo nunca mais esqueceu. Action Comics #1 apresentava ao planeta o Último Filho de Krypton e, de quebra, inventava o conceito moderno de super-herói.

E olha... ele chegou chegando.

Não era só força. Não era só voar. Era o que ele representava. Superman era, desde o começo, sobre fazer o certo mesmo quando ninguém está vendo. Uma ideia tão simples, mas que segue tão revolucionária quanto seu primeiro voo.

A verdade é que o Superman está em tudo. Nos filmes, quadrinhos, séries, desenhos, brinquedos, estampas de camiseta, tatuagens e nos sonhos de quem, um dia, quis salvar o mundo. Mas, mais do que isso, ele está na metáfora viva da esperança, algo que seus criadores, Jerry Siegel e Joe Shuster, entenderam muito bem ao criar um alienígena órfão que encontra abrigo, família e propósito na Terra.

Um ser quase invencível, que decide usar seus poderes não pra dominar, mas pra proteger. Sim, em tempos em que o mundo parece cair aos pedaços, isso soa quase ingênuo  e é exatamente por isso que precisamos tanto dele. Ao longo das décadas, o Superman já morreu, voltou, mudou de uniforme, enfrentou crises infinitas, realidades paralelas, versões sombrias e até fãs que achavam ele “chato” demais. Mas nunca deixou de ser o herói que os outros heróis olham quando as coisas apertam.

Ele é o primeiro. O farol. A bússola moral.

E não importa se você o conhece pela voz grave do Christopher Reeve, pelo super soco do Henry Cavill, pelas páginas clássicas de John Byrne ou pelas animações eternas da infância, o Superman está lá, lembrando que ser herói começa na escolha.

Hoje, no Superman Day, que tal ser o herói de alguém? Nem precisa voar. Basta ouvir, ajudar, sorrir. Ser humano. Ser... super.

Feliz dia do Superman!!!. Que ele continue nos inspirando a sermos mais do que acreditamos ser.

Super abraços e até a próxima!

quarta-feira, abril 16, 2025

Daredevil Born Again

Análise de Daredevil: Born Again – O retorno de Matt Murdock ao UCM - Disney Plus

Daredevil: Born Again chegou ao Disney+ em março 2025 e traz Matt Murdock, o Demolidor, de volta à ação após seu retorno em Spider-Man: No Way Home e She-Hulk. A série já começa com grandes expectativas, não só pelos fãs do herói, mas também por ser uma das maiores apostas da Marvel para expandir o Universo Cinematográfico Marvel (UCM) na televisão.

A trama gira em torno de Matt Murdock, o advogado cego com habilidades sobre-humanas, que busca equilibrar sua vida como defensor de Nova York enquanto enfrenta seu maior inimigo: Wilson Fisk, o Rei do Crime. A história explora temas de redenção, identidade e as consequências de viver uma vida dupla.

O enredo da série se baseia no famoso arco dos quadrinhos Born Again de Frank Miller, no qual Matt Murdock vê sua vida desmoronar após a revelação de sua identidade secreta. Mas, em vez de focar apenas na parte de super-herói, Born Again investe em um lado mais humano e dramático, mostrando as dificuldades de Matt para manter sua vida equilibrada enquanto enfrenta os desafios de seu trabalho e sua missão como Demolidor.

A volta de Frank Castle, o Justiceiro, promete trazer uma nova dinâmica para o UCM. Jon Bernthal reprisa seu papel como Frank Castle, e sua interação com Matt Murdock tem gerado muita expectativa, principalmente por ser uma colaboração tensa entre dois heróis com moralidades diferentes.

Em termos de estilo, a série mantém o tom sombrio e realista que fez sucesso na primeira versão de Daredevil, mas com uma abordagem mais ampla, adaptando a narrativa ao vasto Universo Marvel. As cenas de ação são bem coreografadas, especialmente as sequências de luta, que continuam a ser um dos maiores destaques da franquia.

Além disso, o retorno de Vincent D'Onofrio como Wilson Fisk é uma das maiores surpresas, com o Rei do Crime agora envolvido em uma trama política ainda mais complexa, com uma perspectiva de poder e vingança que promete mexer com os sentimentos de Matt.

Em termos de personagens, a série oferece uma boa expansão de quem são seus principais vilões e heróis. Cada episódio apresenta um pouco mais sobre seus passados e motivações, criando uma narrativa envolvente e cheia de camadas emocionais.

Em resumo, Daredevil: Born Again é uma série que, até agora, promete ser uma das mais envolventes do UCM, misturando drama, ação e, claro, aquele toque de realismo que conquistou fãs desde a série original. É uma boa adição para os fãs de quadrinhos e da Marvel que procuram algo mais sombrio e intenso no meio do crescente catálogo de super-heróis.

Agora, com os episódios saindo semanalmente, a cada nova entrega, temos a chance de observar o crescimento e as mudanças dos personagens e da trama, tornando cada análise uma jornada única.

Episódios

A série Daredevil: Born Again é dividida em 9 episódios, e com o ritmo de lançamento semanal, cada episódio é uma nova oportunidade para discutir mais profundamente as ações dos personagens, seus conflitos e reviravoltas. Como todos sabem, sou fã do Demolidor e fiz uma breve analise de cada uma dos episódios, com spoilers, todos já disponíveis do DISNEY PLUS.

Episódio 1: Meia Hora do Céu

Caralho, quinze minutos de episodio e já ta tudo fudido. Foggy morto pelo Mercenário e este, quase morto pelo Matt. Fora a luta insana entre os dois e que cena meus amigos. E que tristeza, logo de cara assim, uma tragedia. Foggy era um personagem secundário mas era o melhor amigo de Matt. 

Após um salto temporal de um ano, vemos um Matt Murdock diferente. Ele desistiu de atuar como Demolidor, atormentado pela culpa e pelo luto. Enquanto isso, Wilson Fisk, sobrevivendo a uma tentativa de assassinato, retorna ao cenário público como uma figura política influente, disputando a prefeitura de Nova York. Sua esposa, Vanessa, assume um papel importante nos negócios criminosos, consolidando sua posição no submundo.

O episódio culmina em um encontro tenso entre Matt e Fisk em uma lanchonete. O diálogo entre os dois é carregado de subtextos e ameaças veladas, estabelecendo o tom do que está por vir. Esse primeiro capítulo deixa claro que a nova fase do Demolidor será marcada por perdas profundas, dilemas morais e uma nova guerra contra o crime em Nova York.

Episódio 2: Ótica

No segundo episódio de Demolidor: Renascido, Matt Murdock tenta seguir sua vida como advogado após abandonar o manto do Demolidor, ainda lidando com as perdas de Foggy e Karen. Enquanto Wilson Fisk, agora prefeito de Nova York, manipula a cidade a seu favor, Matt assume a defesa de Hector Ayala, o Tigre Branco, acusado injustamente de matar um policial. Com a crescente tensão e a postura anti-vigilantismo de Fisk, Matt se vê dividido entre seu compromisso com a justiça nos tribunais e a necessidade de voltar às ruas como o Demolidor.

Detalhe para ultima cena do episodio, quando Matt se vê obrigado a agir contra dois policiais corruptos, que tentaram matar a única testemunha que pode inocentar Hector. Luta brutal que vale o episódio. Gritei junto com o Matt. Essa serie é muito melhor que a da Netflix.

Episódio 3: A Palma da Sua Mão

Matt Murdock intensifica sua defesa de Hector Ayala, o Tigre Branco, tentando provar sua inocência no tribunal. Durante o julgamento, ele revela a identidade heroica de Hector para reforçar sua credibilidade, conseguindo sua absolvição. No entanto, a vitória dura pouco, pois Hector é assassinado no final do episodio por um atirador desconhecido deixando Matt e a cidade em choque. (Vou segurar um pouco o restante do spoiler aqui).

Episódio 4: Sic Semper Sistema

O ponto alto do episódio é, sem dúvida, o reencontro entre Matt Murdock e Frank Castle. Em um diálogo intenso e carregado de tensão, os dois trocam farpas sobre justiça, moralidade e os limites da violência. Castle, agora ainda mais brutal e impiedoso, desafia a visão de mundo de Matt, colocando em xeque sua crença de que é possível combater o crime sem cruzar certas linhas. A cena não apenas marca o retorno definitivo do Justiceiro, mas também reacende o embate ideológico entre os dois. Louco esperando pra ver o justiceiro em ação novamente. 

No episodio também vimos de relance o vilão Muse, mas não mostrou nada de detalhes. Não faço ideia quem seja, mas parece um sequestrador de pessoas e que cria obras de artes macabras com elas. 

Episódio 5: Com Juros

O quinto episodio é basicamente um roubo a banco e foge do restante da historia contada até aqui. O objetivo aqui é inserir mais uma vez o Demolidor no UCM. Nesse episodio vimos o pai da Kamala Khan, a Ms. Marvel, Yusuf interagindo com Matt durante o assalto ao banco. É somente isso e nada mais no episódio.  

Episódio 6: Força Excessiva

Matt Murdock volta a vestir o manto do Homem Sem Medo para enfrentar Muso, um assassino em série que aterroriza Hell’s Kitchen. A investigação o leva ao desaparecimento de Angela Ayala, sobrinha do vigilante Tigre Branco, e ele decide agir sozinho para resgatá-la.

Enquanto isso, Wilson Fisk aproveita o caos causado por Muso para fortalecer sua influência política e lança uma força-tarefa contra vigilantes, consolidando seu controle sobre a cidade. O episódio culmina em um combate brutal nos túneis do metrô, onde Matt enfrenta Muse e encontra Angela ainda viva. Ferido, mas determinado, ele reafirma sua identidade como Demolidor, enquanto Fisk continua manipulando os eventos nos bastidores, preparando o terreno para os próximos conflitos.

Episódio 7: Arte Pela Arte

Muso, um dos vilões da serie e assassino em série perturbador que transforma suas vítimas em peças de arte, vai atras da psicóloga Heather, envolvida emocionalmente com Matt, se vê ligada ao criminoso por meio de seu paciente Bastian, descobrindo da pior maneira que ele é o assassino.

Graças a intervenção do Demolidor, a psicóloga é salva, o que rende um baita confronto entre os dois personagens, culminando com a morte do assassino.

Enquanto isso, Fisk amplia sua influência com movimentos cada vez mais autoritários, deixando claro que sua ascensão ao poder está longe de ser apenas política. Matt fica diante de dilemas morais cada vez mais complexos, enquanto a linha entre justiça e loucura começa a se desfazer.

Episódio 8: Ilha da Alegria

Fisk conta a Vanessa sobre Adam. Matt descobre que Fisk é paciente de Heather. A narrativa se aprofunda nas complexas relações entre os personagens, culminando em um confronto inesperado durante um baile de gala organizado por Fisk.

Este episódio é marcado por reviravoltas significativas, incluindo revelações sobre o envolvimento de Vanessa Fisk em eventos anteriores e o sacrifício de Matt Murdock ao proteger seu arqui-inimigo de um ataque iminente. Talvez até aqui, o melhor episodio da serie. Me senti lendo um HQ do Demolidor.

Episódio 9: Direto Para o Inferno

A temporada se encerra com um clima tenso e explosivo, trazendo confrontos intensos e revelações que mudam o jogo. Matt Murdock se vê forçado a se aliar a Frank Castle, o Justiceiro, para enfrentar a corrupção enraizada no sistema, enquanto Wilson Fisk, impõe uma lei marcial que transforma a cidade em um estado autoritário. 

Karen Page retorna em um momento crucial. O episódio entrega ação brutal, dilemas morais e o prenúncio de uma guerra urbana, com Fisk consolidando seu poder e o Demolidor preparado para enfrentar as consequências de um sistema corrompido até a alma. Justiceiro rouba a cena no episodio e mostra a força do personagem, deixando claro que precisa de uma serie só dele pela Disney.


Acabou. E agora?

O início deste post foi escrito enquanto eu assistia aos primeiros episódios, acompanhando a série conforme os capítulos iam sendo lançados, episódio por episódio. Agora, depois de ter assistido à temporada inteira, chegou a hora da conclusão. A série é realmente boa? Valeu a pena? Surpreendeu? Essas são as perguntas que ficam e sim, temos algumas respostas.

E agora que os créditos do último episódio subiram, posso dizer sem medo: Demolidor: Renascido não só valeu a pena, como trouxe de volta algo que eu achava que a Marvel tinha perdido: coragem narrativa. A série é densa, madura, cheia de camadas. Não se contenta em ser só mais um produto no catálogo da Disney+. Ela quer dizer alguma coisa. E consegue.

Vários episódios passam a sensação de terem saído direto das páginas dos quadrinhos do Demolidor. E isso é um baita ponto positivo. A fotografia escura, os diálogos intensos, os conflitos internos do Matt e até mesmo a violência estilizada... tudo grita HQ, do jeitinho que os fãs gostam. É como se a série finalmente tivesse entendido que o Demolidor funciona melhor quando abraça sua essência urbana, crua e trágica.

Tem seus tropeços, claro. Algumas barrigas aqui e ali, personagens que poderiam ser melhor aproveitados, e aquela sensação de que a coisa estava esquentando de verdade só lá pro sexto episódio. Mas quando engrena, entrega uma história que respeita o personagem, honra os quadrinhos e ainda tem espaço pra construir algo novo. A presença do Justiceiro foi um presente pra quem curte tensão moral, e Fisk, como sempre, rouba a cena com um D’Onofrio mais afiado do que nunca.

E sim, se você me perguntar se é melhor do que a versão da Netflix, vou dizer que sim. Porque essa série entende que o Demolidor é mais do que o herói que sai no soco no beco escuro – ele é um símbolo. Um homem falho, mas com um senso de justiça inabalável, mesmo quando tudo ao redor parece desmoronar. E isso, meu amigo, está mais vivo do que nunca aqui.

Se a Marvel seguir por esse caminho, tem ouro nas mãos. Que venha a segunda temporada. E que Hell’s Kitchen continue sendo o inferno de heróis que a gente tanto ama.

E só pra finalizar, vi diversas críticas de um bando de gente que nunca leram uma HQ do Demolidor ou que viram a serie da Netflix. Pessoas reclamando, o que sinceramente, me irrita, todos esperando outros personagens aparecerem no final, esperando o tal fan service. A série foi rodada há mais de um ano atrás e nem sabiam que teriam a segunda temporada, nem quem vai participar. Atualmente estão em filmagens. 

O problema é que muitos desses críticos não entendem a essência do personagem, não sabem o que é viver em Hell's Kitchen, lutar por justiça quando as opções são escassas. Demolidor não é só soco e ação desenfreada, é um drama humano, uma história de falhas e redenção. Mas claro, é mais fácil criticar sem saber nada sobre a construção do personagem, esperando que o herói se torne apenas mais uma peça de fan service pra agradar quem nunca sequer leu um quadrinho de verdade ou segue o personagem por anos. 

"Isso não é fã. Vai assistir Arrow ou Flash, que é mais sua praia."

OBs: Tive que alterar os xingamentos pelo politicamente correto.

Nos vemos no próximo post!


segunda-feira, abril 14, 2025

Analise do Livro: Quem Pensa, Enriquece

Quem Pensa, Enriquece - O Legado - Napoleon Hill
Obra comentada pela Fundação Napoleon Hill para o século XXI

Comecei a ler esse livro no dia 12 de fevereiro, fui terminar só hoje. Estava em uma maratona de leitura muito boa, lendo um livro atras do outro e fazendo resenha aqui no site, como sempre faço dos livros, series e filmes que leio e vejo. Esse ano de 2025 já tinha lido 6. Como sabem, não gosto de simplesmente ler, gosto de analisar e escrever sobre. Quando me deparei com esse livro, achei que seria mais um entre os vários que tem por ai de desenvolvimento pessoal, que seria uma leitura fácil e agradável com alguns pontos interessantes. Bom, não foi bem assim. 

Essa leitura me tomou tempo, dedicação e muitas reflexões. Literalmente, estava estudando o livro, tentando entender e aplicar varias informações, muitos insight que ele traz sobre a mente e as atitudes humanas. Fiquei impressionado com muitos pontos e detalhes do livro. E por ser uma obra comentada, no caso, pela Fundação Napoleon Hill, a profundidade do conteúdo é mais intensa, sendo possível melhorar a imersão dentro da obra e das ideias do autor, facilitando o aprendizado. E que aprendizado. Provavelmente umas das melhores obras que já li ate o momento sobre a mentalidade de uma pessoa milionária. 

A estrutura do livro se organiza em torno de princípios que, segundo Hill, são comuns entre pessoas que alcançaram grandes fortunas e sucesso pessoal. Mas o mais interessante não é apenas o que está escrito, e sim como ele leva o leitor a pensar de forma ativa. Cada capítulo provoca uma espécie de "chamada à ação", quase como se Hill estivesse te cutucando e dizendo: "Ei, tá entendendo mesmo ou só tá passando os olhos por cima das palavras?". É uma leitura que exige envolvimento, porque o livro não entrega fórmulas prontas, ele te obriga a pensar, e pensar com profundidade.

Um dos pilares mais impactantes pra mim foi o poder do desejo. Não como uma vontade vaga, mas como uma força ardente, quase obsessiva, que direciona pensamentos e ações. Hill mostra que esse tipo de desejo, aliado à fé e à persistência, pode mover montanhas. E quando falo em fé aqui, não é religiosa, é a crença inabalável de que aquilo que você quer vai acontecer, porque você vai fazer acontecer. Essa mentalidade molda o comportamento e, aos poucos, transforma a realidade ao redor.

Outro ponto poderoso é a importância do “Master Mind”, o grupo de pessoas com quem você compartilha ideias, estratégias e visões. Isso me fez refletir muito sobre com quem eu tenho trocado experiências, e como isso impacta diretamente minhas decisões. Hill defende que ninguém chega ao topo sozinho, e que as mentes conectadas criam uma inteligência coletiva capaz de acelerar resultados. É quase como se ele antecipasse as redes de networking atuais, mas com uma profundidade que a gente raramente vê sendo aplicada de verdade.

Além disso, o livro trata do medo como um dos maiores inimigos do progresso. Ele não fala só sobre aquele medo óbvio de fracassar, mas sobre medos sutis, silenciosos, que paralisam e nos fazem adiar sonhos. A forma como Hill destrincha esses bloqueios é quase terapêutica. Ele nomeia os medos, encara cada um de frente e mostra como podemos enfrentá-los com pensamento positivo, autossugestão e ação disciplinada. Não é auto ajuda vazia, é uma metodologia real pra lidar com as travas internas que nos impedem de crescer.

E é impossível não mencionar o capítulo sobre a persistência. Ali, Hill bate forte: se você desiste fácil, nunca vai ver resultados grandiosos. Pode parecer óbvio, mas a maneira como ele constrói essa lógica é quase brutal. Ele mostra casos, analisa padrões e deixa claro que os grandes vencedores são aqueles que mantêm o ritmo mesmo quando tudo parece estar dando errado. E isso, em tempos de gratificação instantânea, é uma das lições mais necessárias.

No geral, Quem Pensa, Enriquece - O Legado é muito mais do que um manual de riqueza. É um guia de transformação mental. E por mais que alguns exemplos estejam ancorados em outra época, a sabedoria por trás deles permanece atual. A versão comentada ainda ajuda a trazer essas ideias para o nosso tempo, com referências e explicações que ampliam o entendimento do leitor moderno. No fim, não é sobre ficar rico apenas no sentido financeiro, é sobre enriquecer a mente, os hábitos, as decisões.

Pra mim, foi uma leitura marcante. Daquelas que a gente não apenas termina, mas leva junto. Um livro que eu provavelmente ainda vou reler em outros momentos da vida, com outra mentalidade, e que, com certeza, vai continuar me ensinando. E reafirmo, foi o melhor até agora que li sobre o assunto.

Até a próxima resenha!

sexta-feira, abril 11, 2025

Autocorretor

 

Sabe o autocorretor do celular? Aquela invenção maravilhosa e ao mesmo tempo maluca da tecnologia que, de vez em quando, parece ter mais personalidade do que você. Quem nunca teve um diálogo íntimo com o celular, cheio de questionamentos do tipo: "Por que você fez isso comigo? O que é que você realmente queria dizer?"

O autocorretor começou com boas intenções, é claro. A ideia era simples: melhorar a experiência da digitação, corrigir erros e facilitar nossa vida. Só que, em vez disso, ele nos trouxe uma realidade paralela, onde palavras começam a ter vida própria. O texto que você escreveu com tanto cuidado se transforma em um verdadeiro campo minado de surpresas.

Vamos lá, quem nunca mandou um "gosto muito de você" que virou "gosto muito de viver" porque o autocorretor decidiu que você precisava de um toque filosófico na conversa? Ou aquela vez que o "tô indo" virou "tô indo, mas não volto"? A gente só queria avisar que estava a caminho, mas o celular achou que o drama era mais interessante.

Mas o melhor de tudo é quando o autocorretor tem uma opinião própria sobre o que você deve dizer. "O que você acha de comer uma pizza hoje?", você digita. Mas, ao invés disso, aparece: "O que você acha de comprar um peixe hoje?" Não, meu amigo, não é o que eu quis dizer. Mas o autocorretor, com sua sabedoria universal, insiste: "Sim, você quer um peixe." E pronto, o pedido de pizza se transforma em uma missão gastronômica com peixe.

E aí, tem também aqueles momentos em que o autocorretor tenta se envolver em relacionamentos alheios. Você manda uma mensagem romântica e, de repente, a palavra "beijo" vira "bicho", e você se vê enviando: "Te amo, meu bicho." Não exatamente o efeito desejado, né? Ou então, aquele "beijo, até mais" que se transforma em "beijo, até março". Nada como adicionar um toque de mistério à vida!

Porém, nada se compara ao poder transformador do autocorretor quando ele decide que a sua frase está "perfeita". Você escreve um simples "olá" e, de repente, seu celular sugere "Olá, eu sou uma máquina e estou pronto para dominar o mundo." Como assim? Esse celular está se achando, e eu só queria mandar uma saudação educada!

No fim das contas, o autocorretor é quase um personagem na nossa vida digital. Ele tem vontade própria, um humor peculiar e uma obsessão em mudar tudo o que você escreve, sem pedir permissão. E, se por acaso você fizer um texto sem nenhum erro corrigido, pode ter certeza de que o autocorretor estará lá, pronto para dar o seu toque especial. E a vida segue, uma palavra mal colocada de cada vez.

E assim seguimos, na duvida, melhor rir do que chorar!

quarta-feira, abril 09, 2025

Cade Todo Mundo ?

Pandemia! Aquele momento que fez todo mundo ficar em casa e descobrir que a nossa verdadeira natureza era passar horas rolando o feed do Instagram, experimentando receitas de pão de queijo e se perguntando o que fazer com a nossa vida social... ou melhor, a falta dela.

E então, quando finalmente as coisas começaram a melhorar, fomos surpreendidos por um fenômeno curioso: o sumiço das pessoas. Não falo só daqueles que sumiram literalmente, tipo os amigos que começaram a usar o Instagram só para postar stories de cachorro e, de repente, desapareceram. Falo de uma nova categoria: as pessoas que se transformaram em hologramas. Elas não aparecem mais ao vivo. Não! Só em videochamadas. O máximo que você consegue é um quadrado no Zoom, com uma cara que poderia ser qualquer um (ou pior: um fundo desfocado que, sinceramente, só deixa a pessoa mais misteriosa).

O mais interessante disso tudo é que, enquanto a nossa vida social foi passando de encontros casuais para chamadas rápidas no WhatsApp, essas videochamadas viraram a nova “festa”. Aquela velha tradição de reunir a galera para conversar no bar se transformou em uma sessão de conferência no Google Meet. E o que era pra ser descontraído acaba virando um evento sem emoção, com todo mundo se esforçando para sorrir com um atraso de 5 segundos enquanto tenta não deixar o microfone ligado quando alguém faz barulho de fundo. O pior é que, quando acaba a chamada, ninguém lembra se a conversa foi realmente boa, mas todos se sentem exaustos, como se tivesse sido uma reunião de trabalho. Aliás, é bem possível que tenha sido, já que o pessoal também está “sem tempo” para um papo fora do expediente.

E quem não passou por aquele rolê que nunca acontece porque sempre tem alguém que manda aquela frase mágica: "vamos marcar"? Mas, na prática, é só um eufemismo para "eu nem vou tentar, e você também vai acabar esquecendo". O evento que ia ser épico vira uma eterna promessa, e o tempo passa, e o grupo de WhatsApp parece mais um cemitério de boas intenções. Ah, e o pior de tudo: as desculpas esfarrapadas, que vão de "não deu tempo" a "tô com a agenda cheia", e você nem tem mais coragem de responder, porque, cá entre nós, já sabe o que vem.

Mas o grande mistério da pós-pandemia não está só nas desculpas esfarrapadas e nos convites não cumpridos. O verdadeiro enigma são as pessoas que, por algum motivo, começaram a se comunicar apenas com mensagens curtas e vagas, como se uma vida inteira de amizade pudesse ser resumida em um "tô na correria, irmão". E o pior? Essas respostas não vêm com explicações, não vêm com aquela sinceridade calorosa que era tão comum nos tempos áureos da amizade. Não. Agora, é uma linha seca e fria, como se tudo o que está acontecendo ao redor não fosse motivo para mais do que um "tô enrolado".

E o pior de tudo é que, quando você tenta ser o amigo proativo e chamar para algo novo, vem aquele silêncio. Nada. Você manda um “vamos marcar algo semana que vem?” e a resposta parece uma mensagem de texto enviada por um robô: "sem dúvida, vamos marcar, sim!"… até que a próxima semana chega e, adivinha? Nada. O “sem dúvida” vira o “nunca na vida”. E as pessoas continuam desaparecendo, como se os compromissos sociais tivessem sido substituídos por uma rotina invisível, uma corrida diária para nada, onde tudo é uma desculpa para não se encontrar.

E o grande final: o amigo que sumiu e, quando finalmente manda mensagem, é só para responder com aquele clássico "correria, irmão". Já era! O que antes era um "vamos fazer isso semana que vem" agora virou um enigma sem solução, um código para quem tem tempo livre só para trabalhar, mas não para viver. E o pior? Eles acham que o problema é você, porque não está mais tentando marcar nada.

E assim seguimos, rodeados por hologramas e desculpas, tentando entender como as pessoas desapareceram e, ao mesmo tempo, aceitando que talvez o rolê nunca vá acontecer. A pandemia não só mudou a forma como nos relacionamos, mas também nos fez aprender a arte de esperar... esperar pela resposta que nunca chega, pelo convite que nunca é feito e pela promessa que nunca se cumpre. E, no fim, a gente acaba se contentando com os hologramas, porque pelo menos a imagem está lá, mesmo que a conversa, no fundo, não passe de uma tela congelada.

E assim seguimos dia a dia. Firmes, mas nem tanto.
O mundo gira e a gente tenta não cair.


segunda-feira, abril 07, 2025

Nao tem nada pra ver

Era uma vez, numa era distante chamada "anos 2000", onde a gente baixava filme no Limewire e pegava vírus que transformava o PC em uma turbina de avião. Mas a tecnologia evoluiu! Agora temos streamings! Um monte deles. Muitos. Mais do que conseguimos contar. E, mesmo assinando uns 37 serviços diferentes, a sensação é sempre a mesma: não tem nada pra ver.

A lógica deveria ser simples: pagamos para ter acesso a um catálogo imenso de filmes e séries, mas, na prática, é um jogo mental de frustração. Você abre o app do streaming A, roda a tela pra baixo, nada interessante. Abre o streaming B, mesma coisa. Streaming C? Só recomendação de produções que você já viu ou nunca pediu. E quando se dá conta, já passaram 40 minutos e você continua sem assistir nada. No fim, o episódio escolhido é sempre aquele da mesma série de conforto que você já viu mil vezes. Alô, Friends e Charlie Harper...

E se não bastasse a indecisão, ainda tem o problema das assinaturas. Você piscou, assinou um novo serviço porque tinha aquela série específica. Meses depois, percebe que continua pagando, sem lembrar qual foi a última vez que abriu o aplicativo. Quando finalmente bate o estalo e você decide cancelar, vem o golpe final: o bendito streaming já foi comprado por outro, que agora tem um nome bizarro e mais caro.

Mas o cúmulo da ironia acontece quando, depois de assinar metade da internet, você descobre que a série que queria assistir não está em nenhum streaming. Sumiu! Foi engolida pelo abismo digital, presa em um contrato de direitos misterioso. E aí, o que fazer? Você tenta ser correto, mas não tem jeito. Depois de rodar tudo, chega o momento da verdade: catar aquele site duvidoso, cheio de pop-ups estranhos e qualidade questionável. E lá está ela, esperando por você, como nos velhos tempos da pirataria raiz.

Torrent! Sim, torrente, e lá estou eu voltando aos anos 2000 baixando links estranhos, com ou sem legends, ou então áudio original com legends em francês, ou pior de tudo, áudio japonês. E não adianta, você já sabe que a qualidade vai ser uma miséria: ou o arquivo pesa 50MB e parece que o filme foi filmado por uma câmera de celular, ou tem 5GB e o som está todo desalinhado. E lá estou eu, sentado na frente do PC, enfrentando a lerdeza de uma conexão 2MB (porque, claro, a internet cai sempre que o filme está no clímax), esperando aquela bendita barra de progresso avançar milimetricamente. No fim, vou assistir ao que der, com a expectativa de um prêmio de paciência, porque, de qualquer forma, baixar pirata é a única opção viável quando todos os streamings, aparentemente, se unem para me deixar na mão.

Continuamos firmes, mas nem tanto.

sábado, abril 05, 2025

Cinema e Seus Personagens Irritantes

Ir ao cinema deveria ser uma experiência tranquila. Você compra o ingresso, pega a pipoca e senta para curtir o filme. Mas antes disso, você precisa enfrentar a fila. E a fila de cinema não é apenas uma fila. É um ecossistema caótico, repleto de personagens que testam a paciência de qualquer ser humano.

Eu só queria assistir ao filme em paz. Mas bastou chegar na fila para perceber que eu não estava sozinho nessa jornada. Logo à frente, um casal de indecisos bloqueava o progresso da humanidade. Eles já estavam ali antes de mim, olhando para o painel de ingressos como se estivessem escolhendo um imóvel para morar. “Amor, será que pegamos 3D ou normal?” “Mas e a dublagem? Será que vale a pena?” “E se esperarmos mais uma semana?” UMA SEMANA?! Eu senti a alma saindo do meu corpo.

Atrás de mim, o falador profissional. Um cara que decidiu que a fila era o momento perfeito para analisar toda a filmografia do diretor do filme que íamos assistir. Em voz alta. Para todo mundo ouvir. “Porque se você comparar esse com a obra-prima dele de 2003, vê que a construção narrativa sofre um declínio.” Eu não perguntei, amigo.

E claro, não pode faltar a família numerosa desorganizada. Sempre tem aquela galera que só decide quem vai pagar na hora do caixa. “Filho, pega minha carteira na bolsa da sua irmã!” “Cadê sua irmã?” “Foi ao banheiro.” O caixa esperando, a fila travada, e eu ali, contemplando minhas escolhas de vida.

Na reta final, eu me deparo com o pior de todos: o infiltrado descarado. Aquele ser abençoado que chega com um sorriso e solta um “meu amigo tá ali na frente, vou só juntar com ele.” NÃO, MEU AMIGO, ISSO NÃO É UM CHECKPOINT. Se todo mundo resolvesse ter um amigo na fila, voltaríamos à Idade Média.

Depois de sobreviver a tudo isso, eu chego no caixa exausto, mas vitorioso. Só que o atendente me olha e pergunta: “Vai querer combo de pipoca?” Meu cérebro trava. Eu esqueço porque estou ali. Eu viro o casal indeciso. O ciclo recomeça.

E se você acha que o inferno acabou ao entrar na sala, está enganado. Porque agora começa o verdadeiro teste de paciência: os insuportáveis dentro do cinema.

Primeiro, o cabeçudo da frente. Você escolheu o assento estrategicamente, bem no meio, visão perfeita da tela… e então ele chega. Com um crânio do tamanho de um capacete de astronauta. Você tenta se inclinar para o lado, mas ele faz o mesmo. Você tenta pro outro, ele te acompanha. É um duelo silencioso sem vencedores.

Depois, o narrador involuntário. A pessoa que já viu o filme e decide que ninguém mais terá o direito à surpresa. “Ah, essa parte é boa, olha só o que vai acontecer agora!” Meu amigo, será que dá para calar a boca e deixar a magia do cinema funcionar?

Tem também o chutador de cadeira profissional. Ele poderia simplesmente se sentar e assistir ao filme, mas não. Ele precisa expressar cada emoção com um leve (ou forte) chute na sua cadeira. E você fica naquele dilema: ignora ou vira para trás com o olhar de ódio?

E claro, o viciado no celular. A sala escura, o filme rolando, e de repente, aquele clarão como se uma estrela tivesse explodido bem ao seu lado. A pessoa não só olha o celular, como responde mensagens, navega no Instagram e às vezes ainda tira uma foto com flash para “guardar o momento”.

Ninguém sai ileso de um cinema. O verdadeiro filme de terror acontece fora da tela.

Seguimos firmes, mas nem tanto.


quinta-feira, abril 03, 2025

Torcedor Sem Noção

Você, leitor, é um torcedor são-paulino sem noção? 

Espero que não!


Sim, voltamos a falar do nosso time aqui no blog. Foi necessário. De novo!

Vamos aos fatos sobre o São Paulo e sobre o jogo de quarta: o São Paulo enfrentou um time argentino na Argentina. Um detalhe importante: nunca tinha vencido naquele estádio. Mas venceu. Sério, você sabe o que é Libertadores? É guerra!

E o que ouvimos depois do jogo? "Ah, mas o São Paulo é tricampeão da Libertadores! Como pode jogar com três zagueiros e dois volantes?" Como pode? Simples: porque futebol não se ganha na história, se ganha no campo!

Mas a torcida reclama de tudo. "Fora Zubeldía! Fora todo mundo!" Esse tipo de torcedor nem comemorou o gol do Alisson, certeza. Deve ter ficado de cara fechada, esperando um motivo pra criticar. Pois aí vai uma notícia para os reclamões: ganhar fora de casa, na estreia, na Argentina, é resultado importantíssimo!

Quer mais? Botafogo e Cruzeiro, cheios de dinheiro, perderam na estreia. Corinthians, na Sul-Americana, perdeu em casa! E o São Paulo, com crise financeira, sem contratar grandes nomes, sem gastar muito dinheiro, fez o que precisava ser feito: venceu! Não tem dinheiro, mas tem camisa, tem história, tem alma. E tem Zubeldía, que sabe sim jogar Libertadores. Inclusive, o time não perdeu nenhum jogo na libertadores de 2024 sob seu comando.

Agora, vamos ser justos: Zubeldía errou contra o Sport? Sim. Mas quarta-feira acertou. Se o time for pragmático, seguro e manter um bom sistema defensivo, isso pode significar uma boa temporada em 2025. E tem o Lucas voltando para os próximos jogos.

O torcedor tricolor precisa largar a soberba. O São Paulo não é o Real Madrid dos galácticos. Todas as Libertadores que o clube ganhou foram sofridas, na garra, jogando feio. Tem muito Enzo por aí que nunca viu o São Paulo ser campeão da Libertadores, mas fala merda igual a maioria dos jornalistas meia-boca. O que tem de corneteiro, não tá escrito.

E não, não sou 100% Zubeldía. Mas tirar o cara agora seria repetir o mesmo erro de sempre. Derrubar técnico no meio das competições é burrada! E colocar quem? Renato Gaúcho, que já tirou um milhão de sarro do Tricolor? Luxemburgo? Tite? Já ouvi maluco falando em trazer de volta o Diniz Doido! Meu Deus!

Vamos apoiar o time, vamo pra frente meu tricolor! Libertadores é nossa competição!!

Torcedor tricolor, você entendeu ou vai continuar sem noção?


quarta-feira, abril 02, 2025

Eu So Queria Sair Do Grupo

Não era nada pessoal. Não odiava ninguém ali. Só que, sabe quando um grupo perde o propósito? Começa com um objetivo claro: organização da viagem, churrasco da firma, aniversário da tia Néia mas de repente, vira um depósito de correntes duvidosas, bom-dias intermináveis e discussões acaloradas sobre política. Pois é. Meu limite foi atingido quando o assunto principal passou a ser fotos de pés. Sim, pés.

A princípio, tentei adotar a tática do “vou silenciar e esquecer que existe”. Mas o WhatsApp tem essa mania irritante de mostrar notificação mesmo assim. E eu, trouxa que sou, tenho TOC com número vermelho de notificação. Um dia, sem pensar, entrei no grupo e dei de cara com uma foto inesperada de um dedão de pé com unha encravada. Eu não estava pronto para aquilo.

Foi quando decidi: vou sair sem alarde.

O problema é que o WhatsApp, com seu espírito fofoqueiro, faz questão de avisar todo mundo. “Fulano saiu.” Assim, seco. Como se fosse um protesto. Como se eu estivesse batendo a porta na cara de 56 pessoas. Eu precisava de estratégia.

Primeira tentativa: esperar um momento caótico. Se alguém mandasse um áudio gigante ou começasse uma treta, eu sairia no meio do fogo cruzado. Mas nada acontecia. Grupo parado. Nenhuma briga, nenhum textão indignado. Só silêncio e, de vez em quando, um “kkkkk” perdido. Como diabos aquele grupo era insuportável e ao mesmo tempo pacífico?

Segunda tentativa: sair de madrugada. Três da manhã parecia um bom horário. Todo mundo dormindo, ninguém ia notar. Erro fatal.

Aparentemente, existe uma espécie de plantão 24h nesses grupos. Mal apertei “sair do grupo” e, instantaneamente, a notificação apareceu. “Kaka saiu.” Segundos depois: “Que foi, Kaka? Tá tudo bem?”

Pânico. Uma mensagem dessas é uma isca emocional! Se eu não respondesse, pareceria que algo grave aconteceu. Se respondesse, teria que inventar uma desculpa. Escolhi a pior opção: ignorei. O que aconteceu? Exatamente o que você imagina. Mais mensagens.

“Ué, gente, o Kaka saiu?”

“Alguém chama ele de volta.”

“Volta aqui, Kaka, a gente te ama! 🥺”

O grupo inteiro, que antes parecia um deserto pós apocalíptico, agora estava em chamas. O que era um simples abandono se transformou em um ato de rebeldia. Alguém me adicionou de volta. Eu senti o peso da derrota.

Fui obrigado a dar uma desculpa esfarrapada. “Foi mal, gente, bugou aqui, cliquei sem querer.” Mas agora eu estava condenado a viver ali para sempre. Meu nome era lenda. O cara que tentou sair, mas foi sugado de volta para o abismo.

Moral da história? Ninguém sai de um grupo de WhatsApp. Você pode até tentar, mas o grupo não deixa você sair dele.