segunda-feira, abril 07, 2025

Nao tem nada pra ver

Era uma vez, numa era distante chamada "anos 2000", onde a gente baixava filme no Limewire e pegava vírus que transformava o PC em uma turbina de avião. Mas a tecnologia evoluiu! Agora temos streamings! Um monte deles. Muitos. Mais do que conseguimos contar. E, mesmo assinando uns 37 serviços diferentes, a sensação é sempre a mesma: não tem nada pra ver.

A lógica deveria ser simples: pagamos para ter acesso a um catálogo imenso de filmes e séries, mas, na prática, é um jogo mental de frustração. Você abre o app do streaming A, roda a tela pra baixo, nada interessante. Abre o streaming B, mesma coisa. Streaming C? Só recomendação de produções que você já viu ou nunca pediu. E quando se dá conta, já passaram 40 minutos e você continua sem assistir nada. No fim, o episódio escolhido é sempre aquele da mesma série de conforto que você já viu mil vezes. Alô, Friends e Charlie Harper...

E se não bastasse a indecisão, ainda tem o problema das assinaturas. Você piscou, assinou um novo serviço porque tinha aquela série específica. Meses depois, percebe que continua pagando, sem lembrar qual foi a última vez que abriu o aplicativo. Quando finalmente bate o estalo e você decide cancelar, vem o golpe final: o bendito streaming já foi comprado por outro, que agora tem um nome bizarro e mais caro.

Mas o cúmulo da ironia acontece quando, depois de assinar metade da internet, você descobre que a série que queria assistir não está em nenhum streaming. Sumiu! Foi engolida pelo abismo digital, presa em um contrato de direitos misterioso. E aí, o que fazer? Você tenta ser correto, mas não tem jeito. Depois de rodar tudo, chega o momento da verdade: catar aquele site duvidoso, cheio de pop-ups estranhos e qualidade questionável. E lá está ela, esperando por você, como nos velhos tempos da pirataria raiz.

Torrent! Sim, torrente, e lá estou eu voltando aos anos 2000 baixando links estranhos, com ou sem legends, ou então áudio original com legends em francês, ou pior de tudo, áudio japonês. E não adianta, você já sabe que a qualidade vai ser uma miséria: ou o arquivo pesa 50MB e parece que o filme foi filmado por uma câmera de celular, ou tem 5GB e o som está todo desalinhado. E lá estou eu, sentado na frente do PC, enfrentando a lerdeza de uma conexão 2MB (porque, claro, a internet cai sempre que o filme está no clímax), esperando aquela bendita barra de progresso avançar milimetricamente. No fim, vou assistir ao que der, com a expectativa de um prêmio de paciência, porque, de qualquer forma, baixar pirata é a única opção viável quando todos os streamings, aparentemente, se unem para me deixar na mão.

Continuamos firmes, mas nem tanto.

Nenhum comentário: