sábado, maio 17, 2025

Carlinhos e a Amarelinha

Carlo Ancelotti e a Seleção devem virar assuntos cotidianos aqui no blog. Ando escutando tanta asneira por ai que fica difícil ficar calado. To quase criando um canal no you tube e gravando videos pra falar sobre determinados assuntos, porque só escrever, ta sendo pouco. Dito isso, vamos à polemica da vez!

O anúncio de Carlo Ancelotti como técnico da Seleção Brasileira causou um abalo que foi muito além do futebol. Bastou o nome do italiano vir à tona para que parte da velha guarda, ex-jogadores, comentaristas e técnicos puxasse o coro: "Devolvam nossa amarelinha para os brasileiros!"

Mas espera aí,  devolver o quê? A camisa da Seleção virou propriedade privada de quem fala português com sotaque de boleiro dos anos 90? Ou estamos esquecendo que o futebol é, antes de tudo, um jogo e que o objetivo é ganhar?

Entre as reclamações mais repetidas, está a de que Ancelotti "não declarou amor pela amarelinha". Como se amor por uma camisa fosse pré-requisito para assumir a Seleção e não competência, currículo e visão tática. Ancelotti ainda está sob contrato com o Real Madrid. Ele é um profissional. Ponto. E se manter profissional não significa desprezar a Seleção, mas sim respeitar o próprio ofício.

O discurso de "devolvam a Seleção aos brasileiros" é, no fundo, um grito desesperado de quem se recusa a encarar o óbvio, não temos hoje, no Brasil, um técnico com a capacidade comprovada de Ancelotti. E não é por falta de oportunidade.

Os "melhores do Brasil", Tite, Dunga, Felipão, Mano Menezes, Dorival, Diniz (pasmem) entre outros, passaram pela Seleção com promessas de renovação, mas saíram deixando mais dúvidas que conquistas. Em vez de buscarmos evolução, preferimos reciclar os mesmos nomes em looping eterno entre clubes do Brasileirão.

Boa parte dos técnicos brasileiros está parada no tempo. A maioria vive no rodízio dos mesmos clubes, com ideias envelhecidas, treinos previsíveis e táticas que não assustam nem time de segunda divisão europeia. Poucos se reinventam. Poucos estudam. E raros são os que se abrem ao novo, a maioria estacionam em sua zona de conforto.

A rejeição a técnicos estrangeiros, como vimos também com Luis Zubeldía no São Paulo, não é novidade. Sempre que um treinador de fora assume um clube ou a Seleção, pipocam críticas disfarçadas de "defesa do futebol brasileiro", quando na verdade o que se vê é uma xenofobia escancarada. É como se o fato de ser estrangeiro invalidasse o mérito, o preparo e os resultados. Ora, se for pra colocar um brasileiro só por ser brasileiro, então que coloquem o Zé da esquina. Afinal, é nacional, né? Isso é xenofobia disfarçada de Patriotismo.

O Futebol tem que estar acima do Passaporte. A verdade que muita gente evita dizer em voz alta é que Ancelotti não foi escolhido por ser italiano, ele foi escolhido porque é um dos melhores técnicos do mundo. O que mais precisa ser dito? Enquanto a Seleção virou espaço de disputa ideológica, a bola continua pedindo apenas uma coisa, que joguem por ela. E, se possível, que a façam rolar com inteligência, ousadia e competência. Coisas que, ultimamente, não têm sido marcas registradas do nosso futebol.

Dia 26, ele é oficialmente técnico da Seleção. Teremos um post sobre o assunto.

Até lá!

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