quinta-feira, maio 29, 2025

Guerra Silenciosa e O Poder Atomico


Vivemos num tempo em que as guerras não precisam mais de tanques cruzando fronteiras ou aviões despejando bombas para acontecerem. Hoje, a guerra pode ser silenciosa: ocorre no campo das ameaças, das sanções, da espionagem, da manipulação da informação e principalmente do medo. E esse medo tem nome: arma nuclear.

Na atual conjuntura global, ser uma potência nuclear virou sinônimo de influência e sobrevivência. Não é apenas um símbolo de força militar, mas uma carta política brutalmente eficaz na mesa de negociação internacional. O exemplo mais claro é Vladimir Putin e a guerra na Ucrânia.

Desde 2022, a Rússia invade, recua, retoma e destrói. Mas o fato concreto é: a Ucrânia ainda não venceu, e a OTAN, apesar da força militar e econômica que representa, não interveio diretamente com tropas em solo. Por quê? Porque Putin tem a bomba atômica. E deixou claro, mais de uma vez, que pode usá-la. O que antes era impensável, agora serve como escudo. O resultado disso? A Rússia segue fazendo o que quer dentro de certos limites, justamente porque ninguém quer apertar o botão vermelho do outro.

É esse mesmo raciocínio que faz o Ocidente afirmar com tanta veemência: o Irã não pode ter uma bomba nuclear. Não se trata apenas de impedir um ataque direto trata-se de impedir que o Irã entre no “clube” dos que impõem respeito pelo medo. Quem tem bomba atômica muda o equilíbrio geopolítico do mundo. A diplomacia se curva. As alianças se adaptam. E as ameaças se tornam muito mais reais.

O problema é: e se todos tiverem?

Imagine um planeta com 30 países armados com ogivas nucleares. Um mundo assim não é só instável é um pesadelo geopolítico. Porque a dissuasão mútua que hoje ainda existe entre potências pode virar uma cadeia de pânicos, reações emocionais e erros de cálculo. Seria o colapso da diplomacia pela via do terror.

No fundo, toda guerra é política. É resultado de divergências humanas, de interesses conflitantes, de choques culturais e econômicos. E, como lembra Kant em seu famoso ensaio Paz Perpétua, democracias não entram em guerra contra outras democracias. Isso não é um idealismo: é um dado histórico real. Guerras, geralmente, vêm de regimes autoritários que enxergam o conflito como extensão da vontade de poder.

A Rússia é exemplo claro disso. Historicamente, nunca teve uma cultura política democrática. Foi império czarista, passou por ditaduras comunistas e agora vive um regime fortemente autoritário. Não é sobre Putin em si. Se ele cair, outro virá. O sistema não é feito para a alternância de poder. É feito para a perpetuação dele. A história russa comprova isso.

O mundo vive, portanto, uma guerra fria reconfigurada, mais atores, mais riscos e mais incertezas. A diferença é que, hoje, ela é menos declarada mas ainda mais perigosa.

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